Pelo menos 5 desistências foram registradas na primeira semana de treinamento por conta da “elevada carga de exercícios físicos, longa exposição ao sol, horas sem comer e difícil acesso à hidratação”, é o que diz a reportagem.
O jornalista Alfredo Mergulhão entrevistou o aluno Reginaldo Ribeiro da Silva, de 34 anos. “No terceiro dia de treinamento, ele desmaiou duas vezes. Silva relata que após o segundo desfalecimento foi humilhado e coagido a desistir do curso, tendo inclusive escutado a frase que ficou famosa no filme Tropa de Elite”, destaca.
“Eu tive dois desmaios e consegui voltar do primeiro. Mas do segundo eu não dei conta. Eu fiquei tonto, aéreo, só ouvi ele (instrutor) gritando ‘pede pra sair’, para assinar. Foi muita pressão psicológica, então assinei o documento sem consciência que estava assinando meu desligamento do curso”, afirmou o agente.
Reginaldo disse que só percebeu o que tinha acontecido um dia após o ocorrido, quando viu que havia sido excluído de todos os grupos da corporação.
A portaria com sua desistência foi publicada no Diário Oficial em 8 de setembro. Ele protocolou um requerimento pedindo a reconsideração da decisão, alegando “confusão mental”.
— Não esperaram nem eu contar a história como aconteceu e publicaram no Diário Oficial. Então vou procurar os meus direitos. Eu acredito que houve animosidade comigo, porque eu entrei na Justiça. Ficavam sempre me perguntando se eu usava drogas, se eu era de facção criminosa, se eu batia em mulher. Tive um tratamento diferenciado desde o primeiro dia — disse.
“Procurada pelo GLOBO, a Polícia Militar informou que foi instaurado um procedimento administrativo para averiguar os fatos relatados por Silva, relacionados ao seu desligamento do curso de formação de soldados”, finaliza a reportagem.