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POLÍTICA

Bolsonaro tem 3 motivos para acenar à imprensa inimiga; ele se ofereceu para ser entrevistado pela Globo

Publicado em

Foto: ANTONIO MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

“Agora, a gente espera que não haja distorções, só isso. No tocante ao Sistema Globo, se quiser uma entrevista ao vivo, tô à disposição. Gravar pra vocês, aí fica difícil”, comentou.

As duas últimas entrevistas exclusivas de Bolsonaro à Globo foram bem distintas. Em 28 de agosto de 2018, ele falou ao longo de 30 minutos na sabatina realizada na bancada do ‘Jornal Nacional’.

O então candidato se saiu bem ao confrontar os âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos. Polemizou ao dizer que a apresentadora ganhava menos que o colega de telejornal.

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E deixou Bonner incomodado ao repetir que o jornalista Roberto Marinho, fundador da Globo, foi apoiador declarado da ditadura militar.

Em 29 de outubro daquele ano, dia seguinte ao segundo turno, Bolsonaro voltou a aparecer no ‘JN’. Era outro: estava sério, contido, mediu as palavras. Foram 12 minutos de exposição já como presidente eleito.

A nova estratégia de conversar com a imprensa ‘inimiga’, que sempre o critica e até debocha dele, surge basicamente por 3 motivos:

Popularidade em baixa – Institutos de pesquisas apontam índices ruins. O Atlas indica rejeição de 64%. Para o Datafolha, 53%. Na aferição do PoderData são 55% de reprovação.

Atingir mais público – Bolsonaro sabe que para reverter a crise de imagem não pode falar apenas com os fãs no cercadinho na portaria do Palácio da Alvorada, com os seguidores fiéis nas redes sociais e os veículos declaradamente alinhados a seu governo. Precisa fazer seu discurso chegar a outros perfis. Imprescindível atingir quem não é bolsonarista raiz.

Recuperar os holofotes – Nos últimos tempos, o Judiciário (especialmente alguns ministros do STF) e o Legislativo (principalmente a CPI da Covid) tiveram tanto ou mais espaço na imprensa do que o Executivo. Bolsonaro sinaliza o interesse em recuperar o protagonismo. Não com declarações polêmicas e atos intempestivos, mas por meio de entrevistas longas que possam gerar repercussão positiva.

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Resta aguardar para conferir se a Globo vai aceitar o ‘convite’ para entrevistar o presidente. Lula fez o mesmo desafio ao canal da família Marinho.

Por enquanto, a emissora líder em audiência – e atacada tanto pela direita quanto pela esquerda – não sinaliza intenção de abrir espaço aos dois mais poderosos líderes políticos do País no momento.

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