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CIDADES

Assassinatos no Amazonas crescem 38,6% nos nove primeiros meses do ano, pior alta do país

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Entre janeiro e setembro de 2021, o Amazonas teve o registro de 998 assassinatos. — Foto: Delegacia de Homicídios

O Amazonas sofreu um aumento de 38,6% no número de assassinatos nos primeiros nove meses de 2021, em comparação com o mesmo período do ano passado. A alta foi a pior registrada no país, que, no cenário nacional, teve queda de 4,7%.

Os dados fazem parte do índice nacional de homicídios criado pelo g1, que reuniu dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.

De acordo com os dados do índice nacional de homicídios, em 2020, foram 720 assassinatos registrados pelos órgãos de segurança, entre janeiro e setembro, no Amazonas. Já em 2021, foram 998 casos registrados no mesmo período.

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Estão contabilizadas no número as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.

O professor Dorli João Carlos Marques, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e especialista em segurança pública, explica que um dado relevante em relação às mortes é o perfil das vítimas.

“Esses mortos são majoritariamente homens, jovens, negros ou indígenas, pobres, moradores de áreas periféricas onde a presença do poder público é incipiente. Ou seja, o estado está ausente na maioria das vezes de forma efetiva, o que faz com que as opções para esses jovens seja muitas vezes entrar em um mundo do tráfico, do crime, e aí o final disso é geralmente essa morte violenta”, afirmou Marques.

O especialista ainda afirma que outro dado significativo é o fato de a maioria das mortes guardar uma relação muito direta com o tráfico de drogas e com a atuação de organizações criminosas que agem no estado.

“O Amazonas é hoje conhecido como um dos principais corredores por onde são transportadas as drogas ilícitas, que são produzidas e adquiridas, principalmente, no Peru, na Colômbia e na Venezuela. Essa droga acaba atendendo o tráfico local e de outras regiões do país e vai até para exportação”, afirmou o especialista.

De acordo com o professor, as forças de segurança do estado não são capazes de enfrentar a violência no estado e seria necessária a atuação da União para o enfrentamento de organizações criminosas.

“Esse aparato ostensivo e repressivo necessário para o enfrentamento da violência, que é feito pelas forças de segurança do estado, elas precisarão da atuação conjunta com agências e órgãos de inteligência. Quero incluir não apenas as universidades e institutos de pesquisa, mas também aquelas organizações da sociedade civil que lidam com a questão, ou seja, o estado, as forças de segurança e a sociedade juntos é que precisam encontrar as melhores estratégias para enfrentar essa dura realidade”, disse.

O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) para questionar o que ocasionou o aumento nos registros nos nove primeiros meses do ano entre 2020 e 2021, e aguarda posicionamento.

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