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BRASIL

Enem 2021: ‘Admirável Gado Novo’, racismo, erotização da mulher e o que mais caiu na prova, segundo professores

Publicado em

© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, realizado neste domingo (21), trouxe trecho da música “Admirável Gado Novo”, do cantor Zé Ramalho, e perguntas sobre racismo, escravidão, erotização da mulher e questão indígena segundo professores ouvidos pelo g1.

Temas que apareceram nas questões do Enem 2021, entre outros:

  • trecho da música “Admirável Gado Novo”;
  • racismo;
  • erotização da mulher;
  • escravidão;
  • questão indígena;
  • população carcerária brasileira;
  • leitura crítica de notícias;
  • movimentos sociais;
  • charge do Henfil sobre emancipação feminina.

Segundo Gabryel Real, gerente de Processos Avaliativos do SAS Plataforma de Educação, uma das questões pedia que o aluno relacionasse a condição social atual no Brasil com um trecho de “Admirável Gado Novo” que fala sobre “massa” e “vida de gado”.

A música foi lançada em 1979, quando o Brasil vivia sob ditadura militar, mas o tema do regime militar, especificamente, não apareceu na prova de forma mais direta, segundo quatro professores ouvidos pelo g1.

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De acordo com Renato Pellizzari, professor de História do Descomplica, a resposta correta a essa é essa pergunta era a que citava uma postura de passividade.

Em outra pergunta, foi tratado o tema da erotização do corpo feminino com a ilustração de uma “pin-up”, que é a designação em inglês que se refere a uma modelo voluptuosa.

emancipação feminina era abordada em uma questão que trazia uma charge do cartunista Henfil.

Em relação ao racismo, Real disse que uma pergunta mencionava um episódio da Copa de 1950 em que jogadores negros da Seleção Brasileira, como o goleiro Moacyr Barbosa, foram considerados bode expiatório pela perda do título, citado pelo Observatório da Discriminação Racial do Futebol.

Claudio Hansen, do Descomplica, diz que houve várias questões sobre a escravidão. Uma delas trazia uma notícia sobre recompensa de escravos fugidos e das estratégias dessas pessoas pessoas durante a fuga. Outra, sobre hierarquia entre as pessoas escravizadas.

A pauta racial também foi abordada em perguntas sobre o aumento da população carcerária brasileira e a predominância de jovens negros de baixa renda entre os novos presos.

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Para Renato Pelizzari, professor de História do Descomplica, a prova foi “muito boa, muito interpretativa, como costumam ser as provas do Enem”. “A prova de humanas teve bastante a cara do exame”, disse.

“A prova foi difícil pela quantidade de textos, não pelos assuntos tratados. Foi bem densa na quantidade de textos, com crônicas, charges e outros textos complexos, alguns precisavam ser lidos mais de uma vez”, Eduardo Valladares, professor de Linguagens do Descomplica.

Para o professor Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais, falar em grau de dificuldade nesse momento ainda é difícil porque as provas ainda não foram liberadas. “Porém, uma coisa que chama atenção é que na prova desse ano, tem 8 ou 9 questões de literatura. Então, como são temas que caem muito menos na prova do Enem, pode ser que, de fato, os alunos estranhem bastante”, diz.

Segundo Daniel Perry, diretor do Curso Anglo, a “prova manteve o padrão dos últimos anos em termos de habilidades cobradas”.

“Teve muita análise de diferentes gêneros textuais em todas as áreas do conhecimento. Não apresentou polêmicas, mas dialogou com temas da atualidade, como a passividade política, a erotização do corpo feminino, o racismo, a questão indígena, dentre outros. Em linguagens, teve textos longos, exigindo muita leitura. Foi, nesse sentido, uma prova trabalhosa. Já em humanidades, os textos eram mais curtos”, avalia.

 

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