Com o aumento do preço dos combustíveis, Maria Albina não tem feito viagens longas, como, por exemplo, para São Vicente, Cubatão, Praia Grande e ao fim da Zona Noroeste de Santos. “Combustível está muito caro. Eu trabalho com prazer, se eu não tiver o dinheiro do aplicativo, [tudo bem,] não sobrevivo disso, tenho uns rendimentos, mas pago o carro e a gasolina com o valor [que recebo], então, se estiver empatando, está bom. Dá para tirar um pouquinho, ainda. Saio para trabalhar com prazer”.
Com avaliações positivas e uma nota boa, Maria conta que sempre recebe elogios, e foi classificada como motorista ‘diamante’. “Eu pego corrida direto, mal acaba uma e já pego outra. Dificilmente fico mais de dez minutos esperando corrida. Não fico na rua à toa, faço uma atrás da outra, e geralmente são corridas boas”.
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Ela conta que não se incomoda de ser chamada de ‘Vovó do Uber’. Entre os elogios, Maria disse que já foi chamada de “senhora fantástica” e “excelente motorista”, por exemplo. “Pode me chamar, acho legal e engraçado. Eu recebo vários elogios, e quando vou ler, fico emocionada”.
Maria Albina relembra uma corrida que fez com um jovem, da Rua Alexandre Martins até perto do bairro Alemoa. “Ele foi conversando, perguntou se eu era uma ‘super vovó’, e falou que a avó dele também era. Aí, falei que era porque só querem que eu vá à cozinha fazer carne de panela, e ele falou que também gostava da comida da avó. Quando chegou ao destino, ele falou que foi a melhor corrida que ele fez, e que se sentiu no colo da vovó”, conta.
“Quando fui ler os elogios, vi que ele colocou ‘excelente viagem, melhor viagem que fiz, me senti no colo da vovó’, e percebi que era o rapaz que tinha feito. Senti meu coração batendo, nossa, que legal. Isso que dá vontade de voltar a trabalhar, são os elogios”.
Para Maria Albina, a vida de motorista de aplicativo tem altos e baixos. “Tem gente que reclama porque, às vezes, é obrigada a fazer isso porque não tem opção. Eu não, se eu não quiser fazer corrida, vou viver do mesmo jeito, mas acho legal sair, fazer as corridas, passear, para mim é uma terapia”, diz.
“Às vezes, pego passageiro que conversa, outros não conversam, outros estão trabalhando, dando ordem para a secretária, conversando com patrão, mas boa parte dos passageiros fala ‘que legal, uma senhora dirigindo, o mundo é das mulheres mesmo’”, finaliza.