POLÍCIA
Quadrilha de traficantes que se passavam por empresários do ramo de extintores é desmontada
O Acre e mais três estados (AM, RJ e RN) entraram na rota de uma operação da Polícia Federal e outros órgãos de segurança na manhã desta quarta-feira (01) para combater o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro do crime. Para desarticular os grupos criminosos nos quatro estados, foi montada uma autêntica força tarefa composta de agentes federais e das polícias Civil e Militar numa operação batizada de Héstia, referência a uma personagem da Mitologia Grega a qual seria a Deusa do Fogo, uma vez que os investigados pelos crimes de drogas dissimulavam as atividades criminosas se passando por empresários respeitáveis no comércio de venda de extintores de incêndio. Consta que o grupo movimento nos últimos meses o equivalente a quase R$ 45 milhões, dos quais pelo menos R$ 19 milhões foram bloqueados judicialmente.
As investigações foram iniciadas em janeiro deste ano e descobriram um autêntico esquema profissional responsável pela administração de valores provenientes de fontes ilícitas, movimentado através de empresas “laranjas”, objetivando ocultar bens e valores, dissimular sua origem e reinserir os ativos no mercado com aparência de legalidade.
Para lavar o dinheiro, um núcleo liderado por um empresário acreano do ramo de venda de extintores, se utilizava de sete empresas sediadas em Rio Branco/AC, Epitaciolândia/AC e Cruzeiro do Sul/AC, a fim de simular um funcionamento regular dos estabelecimentos para justificar os valores e bens obtidos com o lucro do tráfico interestadual de drogas. De acordo com o trabalho de inteligência desenvolvido pela Força Tarefa de Segurança Pública do Acre possibilitou a identificação do principal líder da organização criminosa. O mesmo encontra-se foragido desde 2017 quando estava cumprindo pena na penitenciária estadual do Acre e conseguiu fugir de cinematográfica de um hospital em Rio Branco-AC, após fazer um buraco no forro do banheiro do apartamento no qual estava internado para um procedimento cirúrgico.
A ação contou com o apoio operacional de policiais federais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes/RJ e de policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro. A Polícia Federal e o BOPE diligenciaram até o município fluminense de Maré com o objetivo específico de cumprir dois mandados judiciais de prisão e dois de busca e apreensão expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas de Rio Branco-AC. N entanto, ao chegar na entrada da comunidade, os policiais foram recebidos a tiros por traficantes.
Durante a ação os policiais apreenderam um fuzil, diversos carregadores de fuzil, uma pistola, munições, granada, drogas e rádios comunicadores.
O líder da organização criminosa ostentava uma vida de luxo ao redor de sua família na comunidade da Maré. O criminoso – apontado pelas forças de segurança pública do Acre como o mais procurado do Estado – construiu um imóvel de luxo dentro da comunidade que contava com piscina e banheira de hidromassagem. Ele ainda tem a proteção de traficantes locais.
Os investigados movimentaram mais de 43 milhões de reais em suas contas bancárias durante o período apurado, grande parte através de transações em espécie – inclusive para o exterior – bem como investimentos em gado e imóveis. Ao todo, foram bloqueados judicialmente mais de R$ 19 milhões em bens da organização criminosa.
A operação conta com a participação de 150 policiais que cumprem 37 mandados de busca e apreensão domiciliar e 10 mandados de prisão preventiva em quatro estados, nas cidades de Rio Branco/AC, Cruzeiro do Sul/AC, Epitaciolândia/AC, Rio de Janeiro/RJ, Natal/RN e Boca do Acre/AM. As buscas contaram com o apoio de um helicóptero da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Acre.
Os investigados serão indiciados pelos crimes de integrar organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico interestadual de drogas, cujas penas somadas podem chegar a 33 anos de prisão.