Um registro similar também foi compartilhado no perfil de Bolzan na rede social. Novamente ao lado do governador, o médico agradeceu ao namorado, a quem se declarou: “Obrigado pelo bem que vc faz a mim e ao mundo! Feliz ano novo! Amo vc”, escreveu.
Nos comentários da publicação, o governador recebeu saudações dos deputados estaduais Cibele Moura (PSDB-AL) e Renan Ferreirinha (PSB-RJ), além do perfil oficial do seu partido, o PSDB. Outros usuários também deixaram seus votos de prosperidade.
Eduardo Leite foi o primeiro presidenciável e governador a assumir sua homossexualidade no Brasil. A declaração foi feita em julho, durante o programa Conversa com Bial. Na ocasião, uma frase do tucano ficou marcada, quando ele disse ser um “governador gay, não um gay governador”. Mais tarde, nas prévias do PSDB para a disputa à Presidência, Leite foi derrotado por João Doria, governador de São Paulo.
— Nesse Brasil, com pouca integridade, nesse momento, a gente precisa debater o que se é, para que fique claro e não se tenha nada a esconder. Eu sou gay, e sou um governador gay. Não sou um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro, e tenho orgulho disso — afirmou, na ocasião.
Leite disse ainda que já saía com seu namorado para jantar, por exemplo, e não escondia sua relação. Mas reforçou que “sempre ficava algum burburinho, algum tipo de ilação”, como ataques de outros políticos e a “piadinha que o próprio presidente fez”.
— Isso não é justo, não é correto, não é tolerável — disse, na ocasião.
Após a atitude, o governador recebeu centenas de mensagens de apoio nas redes sociais. Seu nome chegou em poucos minutos à lista de assuntos mais comentados do Twitter e políticos como Bruno Araújo, presidente do PSDB, e o governador João Doria (PSDB-SP), além do prefeito do Rio Eduardo Paes (PSB) manifestaram seu respeito e admiração pela atitude de Leite.
A homossexualidade sempre foi um tabu na política brasileira. Líderes partidários costumam citar os desafios que um candidato gay a cargo majoritário enfrentaria diante de um eleitorado conservador, o que poderia ficar ainda mais explícito em uma eleição presidencial. No cálculo dos partidos, a eleição de um político LBGTQIAP+ a um cargo legislativo é mais viável, pois pode contar com o chamado “voto de opinião”.
O primeiro deputado assumidamente gay, Jean Wyllis (PSOL-RJ), foi eleito em 2010. Reelegeu-se nas duas eleições seguintes e, em janeiro de 2019, abriu mão do mandato e deixou o país após sofrer ameaças de morte. Em 2018, Fabiano Contarato (Rede-ES) recebeu 1,1 milhão de votos e tornou-se o primeiro senador gay da história.