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Amazônia Bonita: conheça a história do padre Mássimo, que leva devoção e fé a comunidades carentes há mais de 40 anos
Quadro Amazônia Bonita, que começa a ser exibido neste sábado (15), é um projeto da Rede Amazônica onde vão ser contadas histórias de pessoas que fazem a diferença na vida de quem mora na região Amazônica.
O padre Mássimo Lombardi é exemplo de fé, devoção e amor ao próximo. Ele é um personagem que faz parte da história dos acreanos. O religioso saiu da Itália e veio morar no Acre há 47 anos e, desde então, se doa em ajudar famílias carentes do estado.
O quadro Amazônia Bonita é um projeto da Rede Amazônica onde vão ser contadas, todos os sábados, histórias de pessoas que fazem a diferença na vida de quem mora na região Amazônica.
O religioso faz de uma rede do bem que transmite amor por onde passa. De origem italiana, o padre Mássimo nasceu em uma cidadezinha chamada Borgo a Mozzano, tem 52 anos de sacerdócio e vive no Acre há 47 anos. A trajetória dele é inspiradora.
“Quando comecei a descobrir o mundo, eu passava horas olhando o mapa geográfico, eu dizia, vou em um lugar em que realmente eu possa me sentir bem, com o sol nascendo às 5 horas, enfim, encontrei o meu paraíso aqui no Acre.”
Padre Mássimo Lombardi vive no Acre há mais de 40 anos — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Um padre que já encontrou o paraíso, Mássimo participou até da formação da capital do Acre. Quando ele chegou na cidade havia o conflito entre fazendeiros e famílias eram expulsas de seringais na região.
“Havia famílias ocupando os bairros ou invadindo, ou como se dizia ocupando áreas abandonadas, então, houve um trabalho muito importante de estar ao lado desta famílias”, afirma.
O padre foi responsável pelo projeto Pastoral Urbana, que levava a palavra de Deus para fora da Catedral Nossa Senhora de Nazaré.
Após oito anos como reitor da igreja, o religioso assumiu os trabalhos religiosos para as famílias que vivem em uma das regiões que mais sofrem com a violência na capital do Acre, a Cidade do Povo.
O padre atua no bairro desde que as primeiras casas do conjunto habitacional foram entregues, em 2014, ajudando várias pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Padre Mássimo em comunidade da capital acreana — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Ele começou com um projeto de distribuição de cestas básicas para famílias mais carentes e durante a pandemia coordenou um trabalho para confecção de máscaras e distribuição de álcool em gel. O padre também faz acompanhamento de presos monitorados.
“Nós temos, inclusive, uma Pastoral dos Monitorados, aí quando alguém sai do presídio a gente visita, acolhe, cadastra, convida para participar de algumas atividades, ajuda quando precisa, temos alguns projetos para eles não ficarem sem fazer nada, um projeto que leva esperança”, explica.
De segunda à sexta são distribuídas sopas para as famílias carentes na Paróquia da Cidade do Povo. Na casa da dona Maria de Fátima, a sopa é muito aguardada.
E como para fazer o bem ao próximo não tem idade, porque não começar logo cedo? A Janielle Silva tem 14 anos e é voluntária na entrega de sopas. “Acho muito bom conseguir ajudar o próximo, é muito bonito.”
O gesto de ajuda ao próximo é muito bonito, mas, acima de tudo, revela uma característica, a humanidade, humanidade essa que representa o respeito ao outro e para fazer algo por alguém às vezes é só plantar.
Projeto Horta Comunitária leva esperança e renda extra para a comunidade da Cidade do Povo — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
A dona Maria das Graças trabalha na horta comunitária do Projeto Plantado pelo padre Mássimo. É de lá que ela consegue completar a renda. “Ajuda, porque a gente vende até verdura para o pessoal da comunidade, vende na igreja, vende quando a gente está aqui mesmo.”
Na casa dela moram sete pessoas que sobrevivem com Auxílio Brasil e a horta comunitária serve para toda a comunidade.
E a costura? A costura começa com agulha e linha. Depois do primeiro ponto tudo parece mais fácil, essa lição a Auxiliadora aprendeu no curso de corte e costura na Paróquia da Cidade do Povo. Lá, as mulheres fazem peças para familiares que estão presos e quem criou o projeto foi o padre Mássimo.
Curso de corte e costura realizado na Paróquia da Cidade do Povo — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre.
Contra a intolerância
Atualmente, o padre Mássimo também coordena o Instituto Ecumênico Fé e Política do Acre, entidade que reúne membros de diversas religiões combatendo a intolerância religiosa.
“Tolerância é algo que eu suporto, quer dizer que você não vale nada, eu te suporto, mas não é assim, você vale para mim, você é importante, porque o teu testemunho é importante para mim”, fala o religioso.
Os frutos dos projetos do padre Mássimo se multiplicaram em uma rede do bem, seja na entrega de alimentos, em uma horta comunitária, ou com linha e agulha, ele mostra que é sempre possível olhar para o lado e enxergar alguém.
“A pandemia nos ensinou que só você não pode se salvar sozinho, você pode se salvar juntamente com os demais, então, nada de egoísmo, nada de individualismo, você pode trabalhar a coletividade, a solidariedade, generosidade e a partilha”, finaliza.
Padre Mássimo é contra a intolerância — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre