GERAL
Denúncia contra influenciador digital que comparou mulher à Eliza Samudio não é aceita pela Justiça do Acre
A Justiça do Acre rejeitou a denúncia de apologia ao crime feita pela Ministério Público do Acre (MP-AC) contra o influenciador Alex Thomas, denunciado após fazer uma postagem no Instagram comparando a influenciadora Ludmilla Cavalcante à Eliza Samúdio em janeiro do ano passado.
Ludmilla e Thomas teriam um desentendimento antigo, mas, na época, o influenciador alegou desconhecer a mulher. Após a postagem, ela foi na delegacia e prestou um boletim de ocorrência por se sentir ameaçada e ofendida por Thomas. Ela chegou a pedir medida protetiva contra o influenciador.
A postagem foi feita durante uma brincadeira que viralizou no Instagram. O jogo consiste em compartilhar uma caixa de perguntas nos stories da rede social com a pergunta: “Com quem eu pareço”, mas, Thomas pediu que as pessoas citassem nomes de moradores de Rio Branco e ele falaria com qual personalidade aquela pessoa parecia.
E foi ao comparar uma mulher que ele usou a imagem de Eliza com a frase “Uma hora ela encontra o Bruno dela”. A publicação acabou causando repercussão negativa. O Ministério Público Estadual (MP-AC) recebeu uma denúncia e passou a investigar o caso.
Na época, o órgão destacou que a investigação foi motivada por indícios de apologia ao crime, já que Eliza Samudio foi vítima de feminicídio. A modelo era ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes e mãe de um dos filhos dele e foi morta no dia 10 de junho de 2010 por esganadura em Belo Horizonte, segundo a certidão de óbito.
Contudo, no entendimento do juiz Gilberto Matos, não houve esse tipo de crime.
“As palavras usadas pelo denunciado foram ditas de forma pejorativa à vítima, como o próprio Ministério Público disse na denúncia, como forma de ofender sua honra. O denunciado disse que a dita vítima se parecia com a Eliza Samúdio. Não se vê na conduta do imputado o dolo de fazer apologia, que é um elogio ou uma exaltação a fato criminoso ou a criminoso”, diz na decisão.
A reportagem entrou em contato com o influenciador, mas ele disse que prefere não comentar a decisão. Na época, com a repercussão negativa do caso, Thomas apagou o quadro, mudou a comparação e pediu desculpa.
“A intenção não foi essa, mas, muitas pessoas não entenderam. Já fiz a retratação, pedi desculpa e se alguma mulher se sentiu ofendida também, peço desculpa. Acho que foi o certo a fazer [se retratar no próprio quadro no stories]”, disse.
Ao g1, Ludmilla falou que segue tomando todas as providências necessárias junto aos advogados sobre a queixa-crime. Ela afirmou que deve ainda se reunir com os advogados para saber os próximos passos do processo.
O g1 também entrou em contato o Ministério Público do Acre (MP-AC) e aguarda retorno.
Caso de injúria
Ainda no entendimento do juiz, o caso se enquadra no crime de injúria, uma vez que o influenciador quis ofender a honra da vítima. Porém, o crime de injúria já prescreveu, ‘havendo nos autos sentença de extinção da punibilidade’.
“De fato, quanto ao tipo apontado, não se vê nenhuma individualização de conduta ou ato específico, direcionado e intencional para o fim previsto no núcleo do tipo penal denunciado, o qual, conforme consta na lei, exige dolo, o que aqui no caso efetivo não se verifica”, concluiu o magistrado.
Uso indevido de imagem
Para fazer referência à influenciadora com quem teria um desafeto, Thomas usou a logomarca da loja Ludi Cosméticos. Por isso, a dona da loja, Ludmilla Flores, também registrou um boletim de ocorrência on-line na época contra o influenciador.
A empresária contou na época que o influenciador já tinha usado a logomarca da empresa dela para fazer referência à Ludmilla Cavalcante outras vezes. Ela acrescentou que soube da briga entre os influenciadores, mas que nunca tinha se envolvido por achar que não passava de fofoca.