MUNDO
Fóssil de crocodilo pré-histórico é achado com dinossauro no estômago
Novas descobertas científicas elucidam comportamentos de seres que caminharam no planeta há milhões de anos. A última delas coloca em foco uma nova espécie de crocodilo pré-histórico, encontrado pelo Museu Australiano da Era dos Dinossauros em 2010.
Sua última refeição? Um dinossauro.
A descoberta foi feita em Queensland, Austrália. Os ossos fossilizados de um Confractosuchus sauroktonos foram escavados em um assentamento geológico de cerca de 95 milhões de anos atrás, em uma estação de ovelhas próxima à Formação Winton.
Esse já é o segundo crocodilo pré-histórico a ser nomeado a partir da instituição. Nos últimos anos, o assentamento realizou muitas descobertas científicas, como a de um pterossauro de 96 milhões de anos, em outubro de 2019.
Uma descoberta como essa, disse o museu, é “extremamente rara, e apenas alguns exemplos de predação de dinossauros são conhecidos globalmente”.
O que foi encontrado dentro do crocodilo pré-histórico
Segundo o artigo que nomeou a espécie, publicado dia 11 de fevereiro na revista científica Gondwana Reserach, os restos parcialmente digeridos de um pequeno ornitópode foram encontrados no estômago do crocodilo, que tem 2,5 m e comprimento.
Em nota, o museu declarou que essa é a primeira evidência de um crocodilo predando um dinossauro na Austrália.
Preservada inicialmente em uma massa de siltito, uma rocha sedimentar, a amostra do crocodilo estava parcialmente amassada. O dano revelou pequenos ossos do esqueleto de uma criatura pequena do Cretáceo, que, apesar de não poder ser classificada, foi descrita como um filhote pesando cerca de 1,7 kg.
Tecnologias de raio x e microtomografias foram usadas para localizar os ossos dentro da espécie do crocodilo, somados a dez meses de processos digitais em computador para realizar uma reconstrução em 3D dos ossos. 35% do crocodilo pré-histórico foram preservados, e isso possibilitou aos pesquisadores resgatar um crânio quase completo do animal.
“Mesmo que o Confractosuchus não fosse especializado em comer dinossauros, ele não ignoraria uma refeição fácil, como um jovem ornitópode como este encontrado em seu estômago”, disse Matt White, pesquisador associado ao museu que realizou a pesquisa.
“É provável que os dinossauros constituíssem uma parte importante dos recursos da teia alimentar ecológica no Cretáceo”.
“Dada a falta de espécimes globais comparáveis, esse crocodilo pré-histórico e sua última refeição continuarão a prover pistas para as relações e comportamentos de animais que habitaram a Austrália há milhões de anos.”
Descobertas e iniciativas como essa nos dão uma janela interessante de visão para o que ocorria entre as diferentes espécies que viviam no planeta em outros períodos geológicos.