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Prestes a se formar em medicina, jovem faz foto em homenagem ao pai que morreu com Covid no AC

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Quem nunca sentiu vontade de ligar para quem ama e dividir uma novidade? Uma conquista? Sempre foi assim com Thamyris Alexandrino Lopes, 29 anos, e o pai, Petronilo Lopes, o Pelezinho, que morreu aos 46 anos, em 17 de dezembro de 2020, vítima da Covid-19.

Passado mais de um ano da perda do pai, Thamyris se prepara para uma de suas maiores conquistas: se formar em medicina. A formatura vai ser em julho e ela tem feito fotos para o ensaio.

Em um deles, na frente do Palácio Rio Branco, ela tirou uma foto segurando um quadro com a imagem do pai e postou: “Pai, estamos formando”.

Ela conta que todos os dias são difíceis, porque, além de pai, Pelezinho era um grande amigo dela.

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“Era muito apegada ao meu pai. Tudo que eu fazia, sempre ligava pra contar e também acompanhava ele no trabalho e em tudo. Foi ele quem me proporcionou estar onde estou agora, conquistar isso. Minha formatura sempre foi muito desejada por todos, mas para ele era mais. Era pra ser o momento mais feliz da minha vida, mas não está sendo. Só estou querendo terminar, tem um vazio que tirou essa felicidade. Não tem mais a pessoa com quem eu queria comemorar”, lamenta.

Ela diz ainda que precisou reaprender a fazer coisas comuns. Segundo ela, a perda é difícil, mas conviver com a ausência deixa um vazio que jamais vai ser preenchido.

“Estamos vivendo um dia de cada vez, é bem difícil. Então, estamos aprendendo e reaprendendo a fazer algumas coisas. Fora a saudade, que dói demais. Meu pai era o pilar da casa e está sendo muito difícil sem ele”, conta.

Novo e cheio de sonhos, a filha conta que Pelezinho tinha acabado de montar uma sapataria. Estava feliz com a chegada dos clientes, mas teve a vida interrompida pelo vírus.

Pelezinho morreu no final de dezembro de 2020 — Foto: Arquivo pessoal

Pelezinho morreu no final de dezembro de 2020 — Foto: Arquivo pessoal

‘Vai ser dolorido’

Sobre a festa de formatura, Thamyris diz que ainda não decidiu se vai participar. Para ela, a ausência do pai vai ser muito dolorosa – afinal, foi um sonho que ele sonhou junto com ela. Os dois esperaram muito pelo dia que ela se tornaria médica.

“Vai ser o momento mais difícil e dolorido e tenho certeza que vou ficar procurando ele lá. Vou ver as outras pessoas com seus pais e eu não vou ter o meu. Todo mundo quer que eu participe do baile, mas não decidi, pois vou me sentir mal, porque ele foi o responsável por isso não vai estar”, diz emocionada.

Pelezinho morreu na UTI do Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into), em Rio Branco, dia 17 de dezembro de 2020 – exatamente um mês antes de a vacina contra a Covid começar a ser aplicada no estado.

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Thamyris, que estuda para salvar vidas, teve que ver a partida precoce do pai – parece uma daquelas tristes coincidências da vida. Sobre a vacina, como já começou a fazer o estágio, ela diz que não é difícil encontrar pessoas que não querem se vacinar e é impossível não lembrar que, por um mês, o pai não teria recebido a primeira dose e talvez um chance de lutar contra a doença.

“Acho que a primeira vez que eu senti inveja foi quando as pessoas postavam fotos e vídeos de pacientes saindo do hospital com a plaquinha: ‘Venci a Covid’. Eu sentia tanta inveja, pois não tive essa oportunidade. Meu pai não conseguiu sair do hospital com vida. Ele não teve a oportunidade de se vacinar, se tivesse, tenho certeza que seria o primeiro da fila.”

 

Família diz que tenta reaprender a viver sem Pelezinho e que a saudade ainda é muito grande — Foto: Arquivo pessoal

Família diz que tenta reaprender a viver sem Pelezinho e que a saudade ainda é muito grande — Foto: Arquivo pessoal

Ela diz que hoje todos da família, a mãe e os irmãos estão com o esquema vacinal completo e que sempre acreditou na ciência e na vacina. A estudante termina fazendo um alerta importante para que, com a principal arma contra o vírus, as pessoas possam se agarrar à esperança.

“Tome a vacina por você e pelas pessoas que não tiveram a mesma oportunidade”, finaliza.

O boletim da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) aponta que foram registrados, nesta sexta-feira (18), 1.387 casos novos de infecção por coronavírus. O número de infectados subiu para 116.210 em todo o estado. Com nove mortos registrados nesta sexta, chegou a 1.949 vítimas fatais da doença em todo o estado.

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