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BRASIL

Brasil vai ao Canadá para negociar a compra de fertilizantes, afirma Tereza Cristina

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O governo brasileiro vai ao Canadá ainda neste mês para buscar alternativas à compra de fertilizantes, informou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nesta quarta-feira, 2.

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, a ministra confirmou que uma delegação da pasta deve se encontrar com representantes do governo e empresários canadenses em uma viagem agendada para o dia 12 ou 13 de março.

A previsão é que a missão dure três dias. A viagem ocorre em meio ao possível desabastecimento de potássio, matéria-prima fundamental para a produção de adubo, com o avanço da guerra na Ucrânia. A Rússia é um dos principais produtores do mineral do mundo e foi o maior fornecedor de fertilizantes ao país no ano passado.

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“Estamos indo para conversar sobre potássio e outros assuntos que já vinham sendo discutidos com o governo canadense, e que agora teremos a oportunidade de ir para selar algum tipo de acordo”, afirmou a ministra.

Segundo Tereza Cristina, as tratativas do encontro estavam em negociação desde janeiro, e a confirmação foi dada por Ottawa nesta terça-feira, 1º.

“Podia acontecer em qualquer momento, e a duas semanas atrás tivemos uma indicação que seria possível”, afirmou. O Canadá já é um importante parceiro do Brasil na venda de fertilizantes.

O produto foi responsável por 49% das importações canadenses ao país em 2021, segundo dados do Ministério da Economia. A confirmação foi dada horas depois de o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar que o Brasil pode sofrer com a falta de potássio por causa do confronto entre a Ucrânia e a Rússia.

Em uma sequência de postagens no Twitter, o chefe do Executivo defendeu a mineração em áreas indígenas para diminuir a dependência do comércio internacional. A importação de fertilizantes e adubos correspondeu a 62% de todas as vendas russas ao Brasil no ano passado.

“Com a guerra Rússia/Ucrânia, hoje corremos o risco da falta do potássio ou aumento do seu preço. Nossa segurança alimentar e agronegócio (Economia) exigem de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância”, escreveu.

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Tereza Cristina também alertou para os impactos que o conflito no Leste da Europa terão no encarecimento dos alimentos no Brasil e no mundo. Atualmente a Ucrânia é uma das referências globais na produção de grãos, principalmente milho, trigo e cevada. A pressão da guerra no comércio já foi sentida com o aumento desses produtos nos mercados internacionais.

“Isso é natural, o mercado é uma coisa sensível e nervosa. Tudo vai depender dos próximos dias, e isso [o preço] pode se manter mais alto ou mais baixo de acordo com a fotografia do momento”, pontuou a ministra. O impacto na safra de milho brasileiro, por exemplo, deve ser sentido apenas no próximo ciclo de produção.

“O agricultor está apreensivo com isso. Quem tem adubo já comprado, que procure retirar esse fertilizante. Que não negociou ainda deve procurar as suas empresas para discutir o assunto, mas tem que ter muita cautela nesse momento para saber o que vai acontecer”, disse.

A ministra afirmou que o Brasil busca alternativas para a compra de fertilizantes de países do Leste Europeu desde a crise envolvendo a Bielorrússia, no fim do ano passado. O país também é um dos maiores exportadores de fertilizantes ao agronegócio brasileiro.

Tereza Cristina disse que o quadro atual é observado “com muita cautela”, mas nega que haja motivos para “pânico”. Segundo a responsável pela pasta da Agricultura, o setor privado brasileiro tem estoque suficiente para se manter até o início do próximo ciclo de produção, em outubro.

“Tem muita coisa embarcada, viajando e chegando ao Brasil”, disse. A ministra também defendeu a maior participação do Brasil na produção de matéria-prima para adubo. Como avanço do Plano Nacional de Fertilizantes, a ministra apontou a aprovação do marco regulatório do gás, que deixa o mercado nacional mais competitivo no setor.

“O Brasil precisa caminhar mais rapidamente para ter mais autossuficiência na produção interna, principalmente de nitrogênio, fósforo e potássio. Mesmo porque produzimos em terras menos férteis que os nossos concorrentes, então precisamos de mais fertilizantes”, afirmou.

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