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POLÍCIA

Preso tem rosto deformado após tiros de borracha

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Um detento da Ala H do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) da Papuda teve o rosto desfigurado após sofrer dois tiros de bala de borracha dentro da unidade prisional.

Os disparados foram feitos por policiais penais em 2 de março. O preso foi identificado como Luiz Paulo da Silva Pereira. Fotos que mostram o rosto do homem costurado circulam em grupos de mães de detentos no WhatsApp.

As fotografias teriam sido tiradas por encarcerados dentro da Papuda, portanto, supostamente feitas com uso de celulares proibidos dentro do sistema prisional.

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Após levar os tiros, Luiz precisou passar por cirurgias de reconstrução da face e vai entrar na Justiça contra o que alega ter sido uso excessivo da força pelas autoridades de segurança que cuidam do presídio. Depois de passar pelos procedimentos médicos, o interno voltou para o CPP. A advogada do detento pediu que ele fosse transferido para o regime domiciliar depois das agressões, com uso de tornozeleira eletrônica, mas a solicitação foi indeferida pela juíza da Vara de Execuções Penais (VEP), Leila Cury.

Segundo a magistrada, o pedido foi indeferido porque Luiz não se encaixa nos requisitos para receber o benefício. “Pontuo, no entanto, que está sendo elaborada pela Seape, as listagens dos internos que preenchem todos os requisitos estabelecidos por este Juízo, os quais estão sendo beneficiados gradativamente. Portanto, indefiro, por ora, o pedido”, afirmou a magistrada.

O que teria motivado os tiros

No mesmo documento que nega o pedido da defesa do interno, está anexa a comunicação de ocorrência disciplinar do dia 2 de março de 2022, que dá a versão dos policiais que teria motivado o uso das balas de borracha. Segundo o texto foi necessário o uso de armamento não-letal para separar uma briga de facas entre os presos.

Durante a intervenção, o reeducando foi atingido em seu nariz por instrumento de menor potencial ofensivo (bala de borracha), fato que lhe causou lesões e encaminhamento a hospital, onde permanece internado”, diz o texto, assinado em 9 de março.

Todavia, a defesa do interno nega essa versão e afirma que os internos estava arrumando a cama das celas quando começaram os tiros.

“Meu cliente estava dormindo na hora que os agentes informaram que estava na hora do banho de sol. Os internos começaram a organizar as camas, eles falaram que não tinha necessidade e que era pra ir logo [para o pátio]. Como [os presos] não foram na hora, [os policiais] começaram a atirar. O Luiz estava dormindo, foi pro corredor ver o que estava acontecendo e foi surpreendido com duas balas no rosto, uma na testa e outra no nariz”, narrou a advogada Luiza Barreto Braga, que representa Luiz.

A defensora vai pedir que os policiais envolvidos sejam ouvidos novamente, dessa vez com a presença dos advogados do interno, e, caso seja comprovado o uso excessivo da força, pedirá a exoneração dos policiais.

“Isso não pode acontecer, se eles continuarem trabalhando isso vai continuar acontecendo, não foi a primeira vez”, protestou a advogada. Em junho de 2021, o Metrópoles revelou vídeos que mostram policiais penais espancando um interno da Papuda, as agressões aconteceram no Presídio do Distrito Federal 1 (PDF 1).

Questionada, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) afirmou que “a situação está sendo apurada” e se alguma irregularidade for constatada, “o servidor será responsabilizado”. A secretaria lembrou que a juíza da VEP enviou ofício a procuradora-geral do DF, Ludmila Lavocat Galvão.

Leia a íntegra da nota da Seape:

“Houve uma briga de facas e para cessar as agressões os policiais penais fizeram uso progressivo da força, infelizmente um tiro de borracha acabou atingindo o rosto do custodiado acidentalmente.

Conforme decisão anexa, no mesmo dia dos fatos, a juíza titular da Vara de Execuções Penais do DF foi comunicada e o reeducando imediatamente encaminhado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran) onde passou por cirurgia plástica reparadora e já recebeu alta.
A situação está sendo apurada e se for constatada qualquer irregularidade o servidor será responsabilizado. 
Cumpre mencionar que a VEP oficiou também o Procurador-chefe do DF para adoção das medidas jurídicas pertinentes.”
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