O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, nesta sexta-feira (22/04), que o governo se decidiu por dar um reajuste linear, que deve ser de 5%, a todos os servidores federais, por questões ligadas à legislação eleitoral e à proximidade do pleito.
Em entrevista coletiva concedida nos Estados Unidos, onde cumpre agenda nesta semana, Guedes disse que o anúncio sobre o aumento deve sair “em breve”, e não quis bater o martelo, mas citou o dia 1º de julho como um exemplo.
“O pleito [dos servidores por reajuste] num ano eleitoral não pode ser satisfeito com facilidade, porque isso é visto, pela lei eleitoral, como se fosse favorecimento específico a uma categoria, e, portanto, uma tentativa de buscar votos numa categoria específica”, afirmou o ministro. “O que a lei eleitoral permite é que haja aumentos lineares, não diferenciados, e que possam tratar apenas da reposição no ano”, explicou ele, para justificar o percentual que o governo deve oferecer, mas que está sendo considerado baixo por muitos sindicatos.
“Não pode dar aumento de 40% porque está há três anos atrasado. O que pode é pegar a inflação acumulada naquele período do ano. Então, se der [aumento] em 1º de julho, pode dar até o limite daquele número da inflação, que deve ser 5%”, disse o economista.
Continua depois da publicidade
O ministro afirmou ainda que o presidente Jair Bolsonaro (PL) preferia dar aumento apenas para os policiais. “Seria inclusive mais barato”, declarou Guedes.
“Só 1,7 bilhão este ano, e não quase R$ 6 bilhões [que custará o aumento linear]; que serão R$ 12 bilhões ano que vem. Politicamente, seria até melhor para o presidente; ele atenderia o desejo dele, seria mais barato para a economia, mas não seria eleitoralmente factível”, concluiu o ministro.
Mudança de opinião
Paulo Guedes se convenceu há pouco tempo da viabilidade de um reajuste linear para o funcionalismo. No último dia 7 de abril, ele previu, em fala a investidores, um cenário péssimo para a economia.
“Se começar a dar reajuste para todo mundo, estamos empurrando o custo para filhos e netos, além de destruirmos a nossa economia também. Porque vamos voltar à lógica da realimentação inflacionária, de indexar tudo outra vez”, disse, na ocasião, o ministro da Economia.