POLÍCIA
RJ: Pintor e comparsa combinaram de amarrar e amordaçar idosa
Após ser preso em flagrante por policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) pelos crimes de duplo latrocínio (roubo seguido de morte), extorsão qualificada e incêndio contra a aposentada Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e de sua diarista, Alice Fernandes da Silva, de 51, Jhonatan Correia Damasceno contou ter planejado o crime após se desesperar com a “quantidade de dívidas que vinham se acumulando”.
Em depoimento na delegacia, ele relatou ter combinado com Willian Oliveira Fonseca como seria o roubo: enquanto o comparsa amarraria e amordaçaria a idosa, ele iria a uma agência bancária sacar os cheques que a obrigaria a assinar. Willian se apresentou à policia no fim de semana.
No depoimento de Jhonatan, obtido pelo GLOBO, ele contou trabalhar como pintor há cerca de sete anos, tendo aprendido o ofício com o pai. O primeiro serviço prestado no condomínio 460 da Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, na Zona Sul do Rio, foi no começo do ano, em um apartamento no quarto andar. Na ocasião, foram contratados por uma arquiteta por cerca de 20 dias, além dele e do pai, seu sogro e um vizinho de seu pai.
Jhonatan disse que, após o término desse serviço, o marceneiro que trabalhou na obra o indicou para pintar com o pai algumas janelas do imóvel de Martha. A idosa chegou a mencionar que gostaria também que fosse pintada a porta da cozinha, mas, devido a uma crise alérgica em razão da tinta fresca, precisaria de um tempo para o cheiro forte se dissipar. Em maio, o rapaz chegou a procurá-la novamente perguntando se tinha algum outro serviço e teve resposta negativa.
No depoimento, Jhonatan disse que, “ao passar dos últimos dias foi se desesperando com a quantidade de dívidas que vinham se acumulando”. Ele contou que chamou Willian para roubar o apartamento de Martha e combinou com ele, na última quarta-feira, como se daria o crime. Ele disse que, no dia seguinte, saíram juntos de casa, ambas na Favela de Acari, na Zona Norte da cidade, e, de metrô, seguiram até o Flamengo. Os dois estavam de máscaras e bonés para dificultar a identificação junto as câmeras de segurança do condomínio.
O pintor contou que, ao chegar ao prédio, por volta de 13h, pediu ao porteiro que interfonasse para o apartamento 1.202, sendo autorizado a subir por Martha. Ao chegar ao imóvel, foi recebido por Alice, contra quem Willian “partiu para cima”, colocando-a “na parede”, amordaçando-a e amarrando suas mãos com durex que estava na cozinha. Ele diz ter ido em direção à idosa, que estava no escritório, e gritado: “Fica calma! Só quero o dinheiro!”. Assustada, ela respondeu: “Não precisa disso!”.
Aos agentes da Delegacia de Homicídios, Jhonatan relatou ainda que Willian também amarrou e amordaçou Martha, enquanto ele foi ao seu quarto, pegou um talão de cheques e a obrigou a assinar quatro folhas. Ela chegou a preencher uma com R$ 1 mil, mas o comparsa teria dito que o valor era “muito baixo” e ela passou a preencher com R$ 5 mil. O suspeito então disse seguir o plano de ir até à agência bancária fazer os saques enquanto o outro homem ficava “tomando conta” da idosa para que ela não acionasse a polícia.
Ao sair do banco, Jhonatan disse ter ligado para o celular de Alice e avisado a Willian que estava em posse do dinheiro e regressava ao apartamento. Ao tocar a campainha do imóvel, ele contou ter notado que o comparsa estava “visivelmente alterado” e repetia “Tá tranquilo! Tá tranquilo”, com as mãos cheias de sangue e segurando uma garrafa de álcool. Os dois teriam então deixado o local, atravessado a rua para fugir de câmeras de segurança, dividido os R$ 15 mil da vítima e voltado de metrô para Acari.
Jhonatan disse aos policiais que, com o dinheiro roubado, pagou dois agiotas que estava devendo e fez compras para sua residência. Ele negou ter visto Martha e Alice sendo morta tampouco o apartamento sendo incendiado, crimes atribuídos por ele a Willian. Os cadáveres das duas mulheres foram localizados, por volta de 17h, pelo Corpo de Bombeiros.