BRASIL
Polícia Federal pediu quebra de sigilo de Renan Bolsonaro
A Polícia Federal solicitou a quebra do sigilo telemático de Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente da República, investigado pela Polícia Federal por suspeita de tráfico de influência. O objetivo da medida era obter acesso a dados, documentos e comunicações de Renan Bolsonaro e de outros suspeitos. O pedido, porém, foi rejeitado pela Justiça Federal do Distrito Federal.
Essa solicitação da PF foi apresentada no final do ano passado. Com a quebra do sigilo telemático, os investigadores buscavam acessar registros como e-mails, diálogos salvos em nuvem (dispositivo de armazenamento remoto de mensagens) e outros tipos de arquivos. O juiz Ricardo Leite, substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, entendeu que os elementos apresentados eram insuficientes para deferir o pedido dos investigadores. Procurado, o magistrado afirmou que não se manifestaria porque a investigação está sob sigilo.
O advogado Frederick Wassef, que defende Renan Bolsonaro, nega qualquer irregularidade e diz que o rigor da PF na investigação sobre o filho do presidente demonstra que não há interferências de Jair Bolsonaro no órgão.
— Eu acho até ótimo que a PF quebre todos os sigilos pois nada devemos. Jair Renan jamais praticou qualquer ato irregular, não ganhou carro de empresário, nem marcou reunião. Não agiu de forma direta ou indireta para ninguém junto ao governo federal — disse o advogado.
A investigação já obteve indícios de que a arquiteta responsável pelo projeto da reforma da sala comercial pediu ajuda a Jair Renan, em mensagens de celular, para que um empresário fosse recebido pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Esse pedido foi revelado pelo GLOBO.
Com base nessas suspeitas, a PF relatou à Justiça que era necessário ter acesso aos diálogos mantidos por Renan Bolsonaro e por outros suspeitos para poder aprofundar a investigação.
A Polícia Federal também buscou outras frentes de apuração no caso. Em uma delas, investigadores obtiveram acesso a diálogos porque um dos alvos investigados franqueou acesso às mensagens do seu celular. A PF ainda obteve do Supremo Tribunal Federal (STF) o compartilhamento de provas apreendidas em investigações que miram bolsonaristas e que podem ter encontrado elementos contra os personagens investigados nesse caso.
Em seu depoimento, Renan Bolsonaro negou ter atuado para favorecer empresários dentro do governo federal e disse que seu nome foi usado por terceiros.