POLÍTICA
Lula entra pro TikTok e supera engajamento de Bolsonaro na 1ª semana
Líder nas pesquisas de intenção de voto na disputa ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Lula (PT) chegou atrasado no TikTok, mas alcançou resultados relevantes e fez frente à conta de Jair Bolsonaro (PL) na semana de estreia. O petista abriu sua conta oficial na rede social chinesa no último dia 20, oito meses após a chegada de Bolsonaro, e, mesmo longe do 1,8 milhão de seguidores do presidente, superou o engajamento do adversário. Segundo especialistas, a marca é positiva para o petista, que busca recuperar o terreno perdido nas redes sociais, área dominada pelo presidente e seus seguidores.
Um relatório dos pesquisadores Djiovanni Marioto, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Luiza Mello, da Universidade Federal Fluminense (UFF), analisou os vídeos dos dois presidenciáveis entre os dias 20 e 26. Nesse período, Bolsonaro fez 23 postagens, criticando diretamente Lula em pelo menos 4. A grande maioria dos conteúdos reproduz discursos do presidente em agendas públicas e imagens de motociatas.
Já Lula fez 9 postagens, citando Bolsonaro em apenas uma. Segundo o levantamento, o vídeo do petista com mais engajamento mostra o ex-presidente fazendo uma “sarrada no ar” ao lado de jovens da militância do PT. O conteúdo teve aproximadamente 63,5 mil curtidas, 7,8 mil compartilhamentos e 5,6 mil comentários. Na gravação, Lula também faz o sinal de “hang loose” após pedido dos correligionários.
No mesmo intervalo, o vídeo com melhor performance de Bolsonaro, em que ele destaca feitos de seu governo no campo econômico, teve cerca de 52 mil curtidas, 3 mil compartilhamentos e mil comentários. Bolsonaro só ganha de Lula na quantidade de visualizações, com 470 mil reproduções de seu vídeo contra 428 mil do de Lula.
Para Djiovanni Marioto, os dados demonstram uma estratégia acertada do candidato petista na rede, que tem investido em vídeos com estética jovem, com música, dança e ao lado de influenciadores que já fazem sucesso no TikTok, como Deolane Bezerra, conhecida como Dra Deolane. Já Bolsonaro foca em postagens institucionais, reproduzindo falas e discursos.
Marioto destaca, no entanto, que houve um atraso para o ingresso de Lula na plataforma:
“Ele chegou atrasado e isso é um ponto importante porque a gente já tem o engajamento de um perfil oficial do Bolsonaro há um bom tempo, já com selo de verificação, tendo milhões de curtidas e visualizações. O perfil do Bolsonaro no TikTok já se tornou um canal de divulgação consolidado” avalia o pesquisador, ressaltando que para Lula se aproximar de Bolsonaro na rede, precisa manter a constância de suas publicações.
O prejuízo para Lula causado pela demora em ingressar na plataforma fica evidente em uma análise geral do engajamento de todos os perfis dos principais presidenciáveis, considerando o histórico das contas. Nesse comparativo, que além de Bolsonaro inclui o candidato do PDT, Ciro Gomes, o deputado federal André Janones (Avante), Pablo Marçal (Pros) e Simone Tebet (MDB), Lula fica na frente apenas da senadora.
Bolsonaro vence a disputa, com um grau alto de engajamento. Ele é seguido por Ciro Gomes, que posta vídeos no TikTok desde abril de 2021, e André Janones, ainda sem perfil verificado, os dois com engajamento médio. Em quarto lugar, já com grau de engajamento considerado baixo, fica Pablo Marçal, o “coach messiânico” que divulga mensagens de motivação na rede desde março de 2020. É nesse patamar que aparece Lula, precedido por Tebet. O grau de engajamento foi calculado por Marioto e Luiza Mello a partir da soma de curtidas, seguidores, comentários e compartilhamentos de todos os posts de casa presidenciável e comparada com a média geral.
O TikTok, aplicativo criado na China, onde os usuários postam vídeos curtos voltados para o entretenimento imediato, tem se tornado cada vez mais relevante dentro do cenário político, principalmente entre os jovens. Em eleições em outros países, como aconteceu na Colômbia, a rede foi primordial para o aumento de popularidade dos candidatos.
Para Marcelo Vitorino, especialista em marketing político e professor no Centro de Inovação e Criatividade da ESPM, o aplicativo deve ser usado com moderação. Ele pontua que nem todo candidato tem características e afinidade com todas as redes e que, mais importante do que apenas se fazer presente, é produzir um conteúdo que seja relevante.
“Os candidatos que optarem pelo uso da rede deverão compreender melhor sua dinâmica, menos focada no pragmatismo e mais focada em entretenimento. Terão que trazer bastidores de suas agendas, informações que faltarem em entrevistas, detalhes de suas vidas, histórias. Fugir da comunicação com “verniz” e entrar em uma mais próxima da vida do eleitor”, explica.
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Fonte: IG Política