POLÍTICA
PSB e PT buscam fim de impasse no Rio por alianças nos estados
Em meio à queda de braço entre dois pré-candidatos ao Senado, Alessandro Molon (PSB) e André Ceciliano (PT), pela preferência para a única vaga em disputa no Rio, dirigentes partidários tentam evitar que o impasse contamine alianças já encaminhadas em outros estados. Na região Nordeste, por exemplo, a cúpula do PSB busca assegurar que o entrevero no Rio, onde petistas acusam a sigla de descumprir um acordo de apoiar Ceciliano, não leve a recuos do PT na decisão de se aliar a pré-candidatos ao governo em Pernambuco e Maranhão, que desejam o ex-presidente Lula em seus palanques.
Em São Paulo, por outro lado, o provável recuo de Márcio França (PSB) para apoiar Fernando Haddad (PT) ao governo virou exemplo para pessebistas que defendem maior reciprocidade da sigla de Lula em palanques regionais, como no Rio. Ontem, em seu primeiro dia de agendas na capital fluminense, Lula apareceu ao lado de Ceciliano em um encontro com representantes de escolas de samba. Molon, que estava no evento, não subiu ao palco.
Mais cedo, Ceciliano havia posado em um aperto de mãos com Lula e com o pré-candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), correligionário de Molon. À tarde, Alckmin recebeu Molon para uma conversa de cerca de 40 minutos em seu hotel, enquanto Lula estava com Ceciliano e Freixo.
“Foi uma ótima conversa, tenho certeza que ele vai ajudar”, disse Molon rapidamente ao deixar o local.
Impactos regionais
A insistência de Molon em manter sua pré-candidatura ao Senado, com base no seu desempenho em pesquisas ser superior ao de Ceciliano até aqui, levou dirigentes do PT do Rio, que já haviam resistido à aliança com Freixo, a sugerir um rompimento com o PSB. O movimento ligou o alerta na cúpula pessebista, que teme repercussões em estados, principalmente no Nordeste, onde o apoio de Lula é considerado crucial.
Em Pernambuco, o pré-candidato do PSB ao governo, Danilo Cabral, tenta consolidar sua associação a Lula contra movimentos da deputada e ex-petista Marília Arraes (Solidariedade), que busca se manter próxima do eleitorado lulista e hoje lidera pesquisas. Para garantir o apoio do PT nacional, em um modelo semelhante ao do Rio, o PSB abriu a vaga ao Senado na chapa de Cabral para a petista Teresa Leitão.
“Pernambuco foi o primeiro estado em que houve entendimento entre PT e PSB. Consideramos uma aliança consolidada, porque defendemos que acordos são cumpridos”, disse Cabral.
No Maranhão, o PSB também se esforçou para a cúpula nacional do PT apoiar a reeleição do governador Carlos Brandão, embora alas petistas sejam próximas ao pré-candidato Weverton Rocha (PDT). Na última semana, o ex-governador Flávio Dino (PSB), pré-candidato ao Senado, defendeu publicamente que a eleição de Freixo no Rio é “prioridade” e que “todos os acordos sejam viabilizados”.
À exceção de Freixo, que pediu no sábado que Molon desista de concorrer contra Ceciliano, lideranças do PSB têm evitado se manifestar diretamente contra o pré-candidato ao Senado, que preside o partido no Rio. Em 2018, a direção da sigla já interveio em candidaturas majoritárias em prol de um acordo nacional. Na época, ao assegurar o apoio do PT em Pernambuco, o PSB retirou a pré-candidatura de Márcio Lacerda ao governo de Minas.
O apoio interno a Molon, por sua vez, passa pelo incômodo de alas do partido com gestos de Freixo, que chegou a manifestar apoio a Haddad em São Paulo no ano passado. Em meio ao acerto encaminhado no estado, nesta semana, para que França desista do governo e concorra ao Senado na chapa do PT, lideranças do PSB passaram a defender um aceno semelhante dos petistas a Molon.
No entanto, ressaltam, a decisão de França não depende de destravar o impasse no Rio. Além da vaga ao Senado, o PSB conversa em São Paulo para indicar o vice de Haddad, numa costura semelhante à de Lula e Alckmin. Segundo o ex-prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), cotado como vice de Haddad, a retribuição do PT com o apoio a Molon seria “um gesto da boa política”, mas não condicionado ao acordo paulista.
“No PSB, a candidatura de Molon é vista como irreversível. Ele está à frente nas pesquisas, mesmo critério que levou Márcio (França) a conversar para apoiar o Haddad, cumprindo sua palavra”, afirmou.
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Fonte: IG Política