SAÚDE
Varíola dos macacos: OMS recomenda a redução de parceiros sexuais
Diante do aumento no número de casos da varíola dos macacos (monkeypox) , a Organização Mundial de Saúde recomendou nesta quarta-feira que as pessoas reduzam o número de parceiros sexuais e reconsiderem novas relações.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que é preciso “reduzir riscos de exposição”:
“Isso significa fazer escolhas seguras para você e para os outros. Para homens que fazem sexo com homens, isso inclui, no momento, reduzir o número de parceiros sexuais, reconsiderar o sexo com novos parceiros e trocar detalhes de contato com novos parceiros para permitir o acompanhamento, se necessário”, afirmou o diretor.
Tedros ainda reforçou que não se deve ter estigma e discriminação em torno da doença e que ambas podem ser tão perigosas quanto a propagação do vírus. “Embora 98% dos casos até agora estejam entre homens que fazem sexo com homens, qualquer pessoa exposta pode pegar a varíola dos macacos”, disse.
O conselheiro da OMS em programas sobre o HIV , Andy Seale, disse que a enfermidade já é considerada uma doença sexualmente transmissível, apesar de não ser formalmente classificada como tal.
“No caso da varíola dos macacos, não podemos simplesmente recomendar o uso da camisinha porque envolve o contato de pele com a ferida também. Por isso estamos recomendando redução do contato próximo”, informou Seale.
Especialistas reforçam a necessidade de cuidado na forma de comunicar o grupo de risco do surto atual de varíola dos macacos para que não haja o mesmo erro cometido no início da epidemia de Aids.
Na década de 1980, quando os primeiros casos de Aids apareceram, a maioria dos afetados eram homens gays e a doença chegou a ser chamada de “peste gay”.
Posteriormente, descobriu-se que o vírus HIV é sexualmente transmissível e pode afetar qualquer pessoa, independente do sexo. O surto atual de varíola dos macacos também começou em homens que fazem sexo com homens (HSM). Entretanto, não está restrito a eles.
A forma de não cometer o mesmo erro é justamente o que a OMS recomendou, ou seja, alertar essa população que fique atenta, pois está “disseminando o vírus de forma importante”. Mas deixando em evidência que não há qualquer análise científica de que a doença ficará restrita a esse grupo.
Suspeita de transmissão durante o sexo Um novo estudo, conduzido por pesquisadores de diversas nações e publicado na revista científica New England Journal of Medicine, aponta que 95% dos casos analisados são suspeitos de transmissão durante a relação sexual.
Antes do surto atual, sabia-se que o vírus era transmitido por contato prolongado de pele com pele, especialmente com as lesões cutâneas causadas pela doença, mas não havia registros de disseminação tão recorrente entre humanos e em episódio associados ao sexo.
O novo estudo, porém, assim como outros publicados recentemente, encontrou o DNA do monkeypox – vírus causador da varíola dos macacos – no sêmen em 29 de 32 homens que tiveram a amostra analisada.
Para chegar à conclusão apresentada no estudo, os responsáveis analisaram um total de 528 diagnósticos, em 16 países, detectados entre abril e junho deste ano.
Casos no mundo Na semana passada, a OMS declarou a varíola dos macacos como emergência de saúde internacional, visto que pela primeira vez o surto se dissemina pelo planeta afetando regiões de fora do continente africano.
Até o momento cerca de 18 mil casos da doença foram reportados em 78 páises desde que o primeiro paciente foi identificado no Reino Unido, em maio deste ano. Mais de 70% dos casos ocorreram na Europa e 25%, nas Américas.
O Brasil tem 813 casos confirmados, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde. o maior número de casos está em São Paulo, com 595 infecções confirmadas. No Rio de Janeiro, são 109 pessoas com a doença, em seguida estão: Minas Gerais (42), Distrito Federal (13), Paraná (19), Goiás (16), Bahia (3), Ceará (2), Rio Grande do Sul (3), Rio Grande do Norte (2), Espírito Santo (2), Pernambuco (3), Mato Grosso do Sul (1) e Santa Catarina (3).
Fonte: IG SAÚDE