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Pessoas com autismo ficam de fora do censo do IBGE, denunciam mães no Acre
Há exatamente 16 dias do início da coleta domiciliar do Censo Demográfico 2022, responsáveis por crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Acre questionam metodologia aplicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A mãe de uma criança com TEA, Sherlli Fernanda Medeiros Felini, recebeu o técnico do IBGE nesta terça-feira (16) em sua residência. “Me senti frustrada quando não pude incluir o meu filho como pessoa com autismo. A gente que está na luta em busca de direitos para as pessoas com TEA. Fico triste e decepcionada com esse formato aleatório de aplicação dos questionários do IBGE”, disse.
Sherlli disse que nem no formato presencial, nem on-line, ela conseguiu reportar o dado de que seu filho tem o transtorno.
A presidente da Associação Família Azul do Acre, Heloneida da Gama, disse que recebeu inúmeros relatos de pais, mães e responsáveis que não conseguiram incluir seus familiares nos dados coletados. “A gente vai ter que esperar mais dez anos, porque esses números coletados pelo IBGE não vão retratar a realidade do TEA no Brasil”, disse.
Segundo Heloneida, estima-se que, no Acre, 21 mil pessoas estejam no espectro, mas deixou claro que não existe um parâmetro nacional sobre o assunto. ” Usamos dados emprestados dos Estados Unidos. A gente tinha esperança de que esse censo nos trouxesse uma referência nacional e muito mais, que ele pudesse nos apoiar na luta pelos diretos das pessoas com autismo, oferecendo uma estimativa real sobre essa população”, lamentou.
No Acre, aproximadamente 200 recenseadores estão nas ruas coletando informações para o censo, processo com previsão de término até o dia 31 de outubro. O lançamento aconteceu no primeiro dia deste mês de agosto, dentro da programação da Expoacre. Na ocasião, o chefe da Unidade Estadual do IBGE, Marco Esteves explicou que serão 1900 setores censitários onde serão coletados os questionários no estado.
Além de um questionário básico, será preenchido um questionário da amostra, em parte da população. Por exemplo, na capital Rio Branco, apenas 10% responderá o questionário mais completo, que contem perguntas específicas, como rendimento e informações sobre saúde da família. “Uma informação incluída será sobre o autismo, além de outros detalhes”, disse Marco Esteves.
A reportagem de ContilNet entrou em contato com o IBGE e aguarda posicionamento da Coordenação de Comunicação Social, no Rio de Janeiro, para mais esclarecimentos sobre o assunto.