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Farinha produzida no Juruá ganha o mundo e começa a ser exportada para o Japão

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Ponto de venda da farinha acreana em Hiroshima, no japão/?Foto: cedida

Uma publicidade famosa no Brasil, criada pelo Sebrae Nacional, propunha, para incentivar o surgimento de novos empreendedores no país, que, em tempos de crise, se deve tirar o S da palavra. Sem o S, crise então vira Crie. E foi exatamente o que fizeram, ao enfrentarem o desemprego, as primas Mayara Lima (29 anos) e Samylle Almeida (39), criando um tipo de farinha especial – na verdade, uma farofa de gostos variados, que está sendo exportada do Acre para o Japão.

Crocrante e empacotada a vácuo com ziplock – ou  Ziploc, uma marca de sacos e recipientes reutilizáveis, re-seláveis para embalar sacos de sanduíche, lanches e outros fins, como a farofa acreana, o produto tem gosto variado e esta agradando a cozinha internacional, pelo menos a japonesa. Na província de Hiroshima, na Ilha de  ilha de Shikoku japonesa, já há até um ponto de venda do produto legitimamente acreano.

A farofa pode ser encontrada com nas versões de charque, de banana com bacon, com dendê e pimenta, de cebola e alho ou simplesmente com calabresa picada. O produto chegou ao mercado acreano durante a Expoacre 2022, em agosto deste ano, um empreendimento com a assinatura a primas Mayara Lima e Samyli Almeida, que estavam desempregadas e decidiram então empreender, conforme aquela orientação do Sebrae.

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Integrantes de uma família de comerciantes de Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, onde é produzida provavelmente a melhor farinha de mandioca do Brasil, asa duas – uma delas, Mayara, inclusive formada em psicologia, decidiram partir para o comércio e montaram uma cozinha industrial em casa, em Rio Branco, na qual passaram a produzir a farofa ainda de forma tímida, entre amigos e conhecidos, sob encomenda. Mas, aos poucos, o produto foi ciando no gosto das pessoas e os pedidos sob encomendas começaram a aumentar. “A farinha é adquirida em Cruzeiro do Sul e em Rio Branco são agregados os produtos que vão transformá-la em farofas de sabores diversificados. Pesamos então em criar um produto sem conservantes, com embalagem a vácuo e que fosse autêntica do Acre. Daí, surgiu a Amarelinha do Acre. Uma empresa nova, mas com uma ideia inovadora”, conta Samyli.

A inovação surgiu da constatação de que o acreano, quando viaja e quer agradar a quem vai recebê-lo fora do Acre, costuma levar, para presentear, alguns quilos de farinha de mandioca produzida no Juruá. Isso quando quem mora fora do Acre e conhece o produto local não pede as remessas. “Aí decidimos agregar sabores diferenciados a algo que já era bom, revela a empresária.

O desembarque do produto no Japão não se deu por acaso; “Eu morei no Japão alguns anos, e adquiri um pouco de experiência trabalhando em fábricas de alimentos. Voltei para o Brasil em novembro do ano passado, e como seria difícil conseguir um emprego devido à pandemia do Covid, que ainda se fazia presente, conversei com minha prima Mayara e agora minha sócia. Ela é psicóloga, porém, também estava sem trabalho e resolvemos abrir a Amarelinha do Acre”, acrescenta Samyli Almeida.

Em suas andanças pelo Japão, Samyli Almeida conheceria seu futuro marido, Marcelo Ikeura, um paranaense de origem japonesa que continua morando no Japão. “Ele veio passar dois meses aqui e quando voltou ao Japão decidimos que ele levaria algumas amostras do nossos produto, para distribuir entre os amigos, para ver como seria aceita pelo público japonês. Pensamos nisso porque sei que os japoneses são muito abertos para experimentar novas culinárias, e também os brasileiros que residem lá e são muitos, que adoram uma farofa, foi um sucesso total”, revelou.

Menos de seis meses de implantação, a indústria de farofa pronta acreana já pode se vangloriar de que  já tem dois pontos de venda em território japonês. Um, num restaurante típico peruano, o D Kusina, e o Braspe, que vende produtos peruanos e brasileiros. Os dois estabelecimentos localizados na província de Hiroshima. “Os japoneses adoram churrasco, a maneira como fazem o preparo é diferente, mas é muito saboroso. Acredito que eles incluiriam a nossa iguaria no cardápio”, conta a empresária.

As propietárias Samylle e Mayara, com “Farofito”, o mascote da empresa

Para a fabricação da Amarelinha do Acre, a empresa usa a farinha crua de mandioca e a partir daí agrega cinco sabores – o tradicional de alho e cebola, calabresa, banana da terra com bacon, charque e dendê com pimenta de criação nossa. “Depois que compramos a farinha de Cruzeiro do sul, adicionamos os ingredientes e então a mágica acontece, criamos a farofa. Com todos esses sabores”, revela.

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O produto é embalado à vacuo com ziplock pata mantr a farofa crocrante e com qualidade/Foto: cedida

A empresa tem convicção de que ainda tem muito à apreender e à desenvolver, para expandir ainda mais o negócio e entrar de vez no mercado internacional. O problema é que a farinha ou a farofa é um produto alimentício, muito sensível às exigências legais na área internacional. “Trabalhamos com um laboratório de referência, onde é analisado o tempo de vida de prateleira, já que o nosso objetivo maior para agradar os clientes é que não haja adição de conservantes”, disse Samylle Almeida, que também assina Ikeura, o sobrenome do marido.

O produto chega ao conhecimento do público na Expoacre 2022/foto: cedida

A empresa acreana produz a média de 50 quilos de farofa por semana, para uma distribuição à clientela dos mais diferentes lugares do Brasil. “Podemos dizer que temos clientes em todo o país”, disse Samylle. “Aqui em Rio Branco temos serviço de entrega e para os clientes de outros estados usamos transporte aéreo. O preço da farofa pronta varia, conforme o sabor, que varia de 20 a 24 reais”, acrescentou.

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