POLÍCIA
Motoristas de ônibus queimados por vândalos narram momentos de terror
Com rostos cobertos, além de pedras e pedaços de madeira nas mãos, bolsonaristas renderam o motorista de um ônibus da empresa Viação Pioneira na noite dessa segunda-feira (12/12). O ataque fez parte da série de atos de vandalismo que se seguiram à prisão do indígena Cacique Tserere.
O rodoviário disse ter sido abordado por dezenas de manifestantes, por volta das 20h40, na Quadra 3 do Setor Hoteleiro Norte (SHN). Quando os grupos de bolsonaristas tentaram intimidar o motorista, não havia passageiros dentro do veículo.
A vítima narrou que os vândalos ordenaram que ele descesse e, na sequência, atearam fogo no ônibus.
O motorista também testemunhou o momento em que grupos de bolsonaristas incendiaram outros dois veículos de transporte coletivo nas proximidades.
Aproximadamente 10 pessoas participaram da ação, segundo o rodoviário. O motorista acrescentou que todos estavam de máscaras e encapuzados. No entanto, percebeu que um dos líderes do grupo era loiro, forte e tinha uma tatuagem no braço esquerdo. Após o incêndio, o ônibus precisou ser guinchado até o pátio do Instituto de Criminalística (IC), onde passa por perícia.
Outro motorista chegou a ser agredido pelos manifestantes. A vítima informou que dirigia o coletivo quando foi abordada pelos vândalos e, assim como o cobrador, foi obrigada a sair do ônibus, mediante agressões físicas.
Os participantes dos atos de vandalismo depredaram o ônibus e atearam fogo no automóvel. Depois de registrar ocorrência, o motorista foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML).
Ao menos cinco ônibus foram incendiados nessa segunda-feira (12/12). O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) contabilizou sete veículos danificados pelas chamas: cinco deles eram ônibus, dos quais quatro queimaram totalmente.
Tentativa de invasão
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir, na noite da segunda-feira (12/12), a sede da Polícia Federal, na Asa Norte, em Brasília. Ninguém foi preso durante ou após os atos de vandalismo.
Vestidos com camiseta da Seleção Brasileira, os grupos danificaram carros estacionados nos arredores do prédio da corporação, além de ônibus que circulavam pelas ruas, na área central de Brasília.
Alguns envolvidos justificaram o ato dizendo que agentes da PF “prenderam injustamente um indígena”.
O Metrópoles apurou que os manifestantes se referiam ao Cacique Tserere, líder de um grupo Xavante apoiador de Jair Bolsonaro (PL). Bastante conhecido entre manifestantes acampados há dias em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, o indígena tem feito discursos inflamados contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.