POLÍTICA
Presidente do Peru descarta renúncia e insiste que Congresso antecipe eleições
A atual presidente do Peru, Dina Boluarte, exigiu que o Congresso aprove a proposta para antecipar as eleições gerais no país. A declaração foi dada em uma entrevista coletiva neste sábado (17).
A presidente também descartou a renúncia do cargo.
“O que se resolve com a minha renúncia? Aqui vamos permanecer, firmes, até que o Congresso resolva a antecipação das eleições […]. Exijo que se reconsidere a votação”.
Boluarte se referia à decisão de sexta-feira (16), quando o Parlamento votou contra adiantar as eleições de 2026 para 2023.
Dina Boluarte assumiu a presidência no início deste mês, depois que o então presidente, Pedro Castillo, tentou dissolver o Congresso ilegalmente e foi preso. A Justiça determinou a prisão preventiva dele por 18 meses.
A prisão de Castillo gerou uma série de protestos pelo país. Na última semana, os confrontos deixaram 20 mortos e pelo menos 63 feridos. As manifestações violentas levaram o governo a decretar estado de emergência na última quarta-feira (14).
A crise provocou a renúncia da ministra da Educação, Patrícia Correa, na última sexta-feira (16). Ela declarou que a morte de compatriotas em protestos “não tem justificativa”. O ministro da Cultura, Jair Pérez, renunciou logo depois, com a mesma justificativa.
Entenda a crise que resultou na prisão de Pedro Castillo:
- O líder peruano foi eleito em 2021 após uma eleição extremamente polarizada. Pedro Castillo surpreendeu e venceu Keiko Fujimori, que é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, por uma margem pequena de votos;
- A candidata derrotada foi à Justiça Eleitoral para questionar o resultado das eleições, o que causou uma série de manifestações feitas por apoiadores de Castillo e Fujimori;
- Keiko Fujimori só aceitou os resultados das urnas mais de um mês após o segundo turno das eleições;
- Antes mesmo de assumir o cargo, ainda na campanha, Castillo já havia dado declarações polêmicas, ameaçando fechar o Congresso se os parlamentares não aceitassem os planos dele;
- Com o parlamento dominado pela oposição, a primeira crise do governo aconteceu dois meses depois da posse, quando o primeiro-ministro do país e todo o gabinete ministerial renunciaram aos cargos;
- Em dezembro de 2021, Castillo sofreu o primeiro pedido de impeachment, que acabou sendo derrubado. Outros dois foram abertos, sendo que o último resultou no afastamento do presidente em 07 de dezembro de 2022;
- Ainda em 07 de dezembro, o presidente fez uma transmissão pública para anunciar a dissolução do Congresso e convocar novas eleições, em resposta ao último pedido de impeachment que sofreu;
- Durante o anúncio de dissolução do Congresso, Castillo afirmou que iria instituir um governo de exceção, declarando estado de emergência;
- A manobra de Castillo não funcionou. O Parlamento ignorou a dissolução e se reuniu para aprovar o pedido de impeachment do presidente;
- As Forças Armadas também não apoiaram o presidente e afirmaram que o Castillo só poderia dissolver o Congresso se os parlamentares tivessem derrubado todos os ministros do governo, o que não aconteceu;
- A Suprema Corte do Peru classificou a atitude de Castillo como golpe de Estado e determinou que a vice, Dina Boluarte, assuma a Presidência;
- Castillo foi preso momentos depois, enquanto se preparava para deixar o Palácio do Governo.