GERAL
Jogo duplo, aposta não feita, morte: quando Mega-Sena virou caso de polícia
Uma aposta da Mega da Virada virou caso de polícia nesta semana após um grupo de 10 moradores de São José da Bela Vista, a 390 km de São Paulo, registrar um boletim de ocorrência contra o responsável por organizar um bolão que faturou R$ 108,3 milhões na Mega da Virada.
Os envolvidos afirmam que pagaram para participar do grupo, mas que não foram contemplados com o prêmio. O organizador afirma que fez dois bolões distintos, sendo apenas um deles premiado, mas os apostadores alegam que não foram avisados desta decisão.
Outras apostas da Mega-Sena também viraram caso de polícia no Brasil nos últimos anos, seja porque resultaram em morte ou porque os jogos simplesmente não foram registrados.
Relembre outros casos:
1. Bombeiro não registra bolão que seria premiado e é investigado
Um bombeiro do Paraná não registrou um bolão feito com ao menos 90 colegas de função no estado e que seria premiado com a quina da Mega da Virada deste ano. Ao todo, 2.485 apostas acertaram a quina — um prêmio de R$ 45.438,78.
O Corpo de Bombeiros do Paraná confirmou ao UOL a abertura de procedimento administrativo para a apuração dos fatos. O militar devolveu, via Pix, o dinheiro pago pelos colegas para o bolão após a divulgação do resultado. A identidade do bombeiro ou o valor pago pelos apostadores do bolão não foram divulgados.
2. Ganhador é assassinado em SP
Jonas Lucas Alves Dias, 55, ganhador de R$ 41,7 milhões na Mega-Sena, foi assassinado em setembro de 2022, em Hortolândia (SP). Ele desapareceu quando saiu de casa para uma caminhada, levando apenas documentos e a carteira, e foi encontrado morto às margens da Rodovia dos Bandeirantes, próximo ao acesso para o bairro de Jardim São Pedro.
Cinco suspeitos de envolvimento no crime foram presos ainda no ano passado, mas apenas Marcos Vinicyus Sales de Oliveira, o “Vini”, de 22 anos, confessou algum tipo de participação no crime. Os demais negam envolvimento.
3. Disputa patrão x empregado e pensão
Um patrão e um ex-empregado entraram em disputa na Justiça depois de acertarem, em 2007, os números da Mega-Sena. O empresário Altamir José da Igreja, caminhoneiro e dono de uma pequena serralheria, e o marceneiro Flávio Bassi Junior fizeram o jogo juntos, combinando que dividiriam o prêmio em partes iguais caso vencessem, mas o bilhete ficou com o patrão. O caso só foi resolvido em 2015, com um acordo para dividir o prêmio, de R$ 27,7 milhões.
Anos depois, em 2021, Altamir teve a prisão decretada pela Justiça de Santa Catarina devido ao não pagamento de pensão alimentícia no valor total de R$ 160 mil para sua filha que tem microcefalia. Após a decisão da Justiça vir a público, Altamir da Igreja efetuou o pagamento da pensão.
4. Amigo da onça
Um ex-morador da Vila Cruzeiro, zona norte do Rio, teve a vida completamente mudada quando ganhou um prêmio de R$ 100 milhões na Mega-Sena, em 2017. Para ajudar a administrar a bolada, o homem confiou no seu amigo, André Luiz Lobo, mas se surpreendeu quando, dois anos depois, desconfiou da vida de luxo que o homem estaria levando provavelmente às suas custas.
Após investigações, a Polícia Civil prendeu o suspeito temporariamente em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, em dezembro de 2019, segundo o Extra. Ele foi apontado como autor de desvio de dinheiro e imóveis do milionário, com os bens colocados em seu nome e no de familiares.
5. Pai suspeito de planejar morte de filho
Francisco Serafim de Barros era superintendente da FIEMT (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso) quando foi preso na sede da entidade, em 2010, suspeito de planejar a morte do próprio filho, Fábio Leão Barros, que havia ganhado na Mega-Sena quatro anos antes.
O filho tinha menos de 18 anos e pediu para o pai guardar o dinheiro. O plano foi descoberto após dois homens serem presos e confessarem que foram contratados para matar o jovem.
6. A ‘viúva da Mega-Sena’
De origem humilde e com duas pernas amputadas devido a um caso de diabetes, Renné Senna, à época com 54 anos, ganhou sozinho R$ 51,9 milhões em julho de 2005. Em janeiro de 2007, ele foi morto a tiros no Rio de Janeiro.
A polícia prendeu a viúva, Adriana Almeida, suspeita de ser mandante do assassinato, e mais cinco pessoas. Após ela ser absolvida do crime, o Ministério Público pediu anulação da decisão e, em novo julgamento, ela foi condenada a 20 anos de prisão, em dezembro de 2018. Dois ex-seguranças foram apontados como autores.
No ano passado, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro) decidiu que Adriana Ferreira Almeida não tem direito à herança deixada por ele.
7. A aposta ‘despremiada’
Um grupo de 40 pessoas acreditou que dividiria uma bolada de R$ 53 milhões após conferirem os números sorteados em um sorteio da Mega-Sena, em fevereiro de 2010. O problema é que as cotas do bolão único compradas na lotérica Esquina da Sorte em Novo Hamburgo (RS) jamais haviam sido registradas. Parte deles entrou na Justiça, mas teve pedido de indenização por danos morais negado em setembro de 2012.
8. Mais dinheiro, mais morte
Sete anos depois de ganhar R$ 39 milhões na loteria, o empresário Miguel Ferreira de Oliveira foi morto com três tiros enquanto bebia em um bar, em fevereiro de 2018. Ele havia se mudado de São Paulo para Campos Sales (CE), a quase 500 km de Fortaleza, em busca de uma vida mais pacata, chegando a ser conhecido na região como “o milionário da Mega-Sena”.
Um dos suspeitos do crime, Antônio dos Santos, chegou a ser preso pela Polícia Civil do Ceará em abril de 2019, mas negou a acusação. Ele estava foragido da Justiça desde o crime e foi apontado como o autor dos disparos. Pouco mais de um ano depois e já em liberdade após habeas corpus, ele foi encontrado morto.
9. Sem bilhete legível, sem prêmio
Um casal do Rio Grande do Sul que tentava resgatar um prêmio da Mega-Sena no valor de R$ 29 milhões, de 2014, teve o pedido de recurso negado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) em 2021. Os desembargadores decidiram que o bilhete deles estava muito danificado para ser válido.
O casal que costumava apostar frequentemente na loteria, teria se descuidado e deixado a cédula que comprova a aposta na máquina de lavar junto às roupas. Eles recorreram por alegarem que os números vencedores e identificação do concurso ainda eram legíveis.