“Estamos fechados temporariamente”, avisa um papel colado à porta das Casas Bahia, que orienta a procurar outras unidades nos bairros de Santa Cruz ou Cambuci, na zona sul da capital. Na fachada, até as câmeras de segurança já foram removidas.
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De frente para o Theatro Municipal e com vistas para a sede da Prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, o Edifício João Brícola tem 13 pavimentos e ficou famoso por abrigar o Mappin, a primeira loja de departamentos do Brasil, entre as décadas de 1930 e 1990.
Fuga de comércios
Comerciantes da região avaliam que a saída das Casas Bahia, um chamariz de clientes para a Praça Ramos, é mais um golpe duro para o centro da capital. Em ruas do entorno – como a Sete de Abril, Conselheiro Crispiniano ou Dom José de Barros – é difícil andar dez metros sem se deparar com alguma porta fechada e a placa de “aluga-se”.
Desde a pandemia de Covid-19, lojas têm encontrado dificuldade para equilibrar seus custos, em especial o aluguel, com a queda de faturamento provocada pela menor circulação de pessoas. Os locais que estão vazios eram desde pequenos comércios a unidades de redes de supermercados.
“Muitas lojas estão fechando as portas”, diz a vendedora Elizabete Pavani, 64 anos, que mora na região há cinco décadas. “Isso acaba atraindo mais moradores de rua e, consequentemente, diminuindo o número de clientes, porque as pessoas ficam com medo de vir comprar aqui.”
Em nota, a Casas Bahia confirma que a unidade “encerrou suas atividades esta semana” na Praça Ramos. “O movimento faz parte de um ciclo natural do varejo, de fechamento e abertura de lojas. Os colaboradores da loja foram realocados em outras unidades”, diz a rede que, segundo o comunicado, abriu 63 lojas no país em 2022.
Vai melhorar
No início da tarde desta terça-feira (7/3), a comerciante Maria Teresa Demercian, 59 anos, conversava com um cliente sobre lojas emblemáticas que decidiram sair do centro histórico paulista nos últimos anos.
“Eu não concordo quando dizem que o centro é degradado”, afirma Maria Teresa, que trabalha na Camisaria Intercil, loja da família, fundada há 74 anos. “A região não está bonita no momento, mas tem um potencial imenso para ser explorado: olha só a quantidade de prédios maravilhosos que ficam aqui”.
Para a comerciante, com políticas de acolhimento para moradores de rua postas em prática e o retorno de atividades 100% presenciais, a tendência é o movimento voltar nos próximo meses. “Mas seria importante ter alguma loja-âncora, sabe? Uma loja grande, de departamento. Elas atraem bastante público para cá”.
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