De acordo com Gakiya, que há 18 anos atua no combate ao PCC em São Paulo, a principal motivação para o plano de assassiná-lo é uma retaliação ao pedido feito por ele, em 2018, para isolar lideranças do PCC, como Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, em presídios federais.
Marcola foi transferido do sistema penitenciário paulista para um presídio federal em Brasília em fevereiro de 2019. Meses depois, foi removido para uma unidade em Rondônia e depois voltou para a capital federal.
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“Por conta dessa remoção, já havia e há diversos planos para me matar. Mas, durante essas investigações, que já temos aqui em São Paulo, surgiram informações sobre atentados a outras autoridades. E foi por isso que a gente compartilhou essas informações com a Polícia Federal, que deu início à operação deflagrada hoje”, explicou Gakiya.
O promotor disse ainda que os ataques seriam executados por um setor específico do PCC chamado de “Sintonia Restrita”, que o promotor batizou de “departamento de homicídios e atentados da fação paulista”.
“É um setor dentro da facção, com criminosos que têm expertise no manejamento de armamento pesado, geralmente envolvidos em roubos a bancos, de extrema periculosidade. Eles são destacados de outras funções dentro da facção para ficar à disposição apenas para a prática de atentados, sequestros e de resgates, como o que estava sendo planejado para o Marcola“, afirmou.
Fim das visitas íntimas
Gakiya disse também que a Polícia Federal ainda deve esclarecer as principais motivações da facção criminosa, mas acredita que Sergio Moro tenha entrado na mira do PCC após uma portaria baixada por ele, como ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro, que extinguiu as visitas íntimas para presos isolados no sistema penitenciário federal.
“Inclusive, há algumas semanas, o STF acabou arquivando uma ação que atacava justamente essa portaria. A ação pretendia que se voltassem as visitas íntimas aos presos isolados em presídios federais. Uma parte dessa portaria foi recepcionada pela Lei Anticrime e hoje, através de lei, essas visitas íntimas a presos como Marcola e outras lideranças estão proibidas no sistema penitenciário federal”, disse.