A reação negativa do mercado foi causada por uma mudança de expectativa, em razão da sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a Selic ficará em um patamar elevado por mais tempo, até que a inflação esteja sob controle.
Parte do mercado contava com outro tom no comunicado do BC. A manutenção da taxa em 13,75% ao ano era esperada, mas os investidores acreditavam que a autoridade monetária deixaria as portas abertas para uma queda da Selic ainda no começo do segundo semestre, para aliviar a pressão sobre a atividade econômica.
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Não bastasse isso, a Bolsa reagiu às declarações dadas por Lula e Haddad sobre a decisão do Copom. Na quarta (22/3), o ministro da Fazenda classificou como “preocupante” a manutenção dos juros no nível atual e disse não considerar que o atraso na apresentação do arcabouço fiscal tenha influenciado a decisão do BC – embora a autoridade monetária tenha apontado a incerteza quanto às regras orçamentárias como um dos obstáculos para reduzir a taxa Selic.
Hoje foi a vez de Lula voltar a atacar Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Em uma agenda no Rio de Janeiro, o chefe do Executivo disse que “não há explicação” para os juros seguirem como estão e afirmou que “quem tem de cuidar do Campos Neto é o Senado, que o indicou”. Pela lei de autonomia do Banco Central, aprovada no ano passado, o chefe da autoridade monetária só pode ser retirado do cargo com aprovação dos senadores.
Tanto a sinalização de aperto monetário quanto o risco político suscitado pelas críticas de Lula e Haddad aumentaram o nervosismo do mercado.
No dia, ações de empresas ligadas ao consumo, que tendem a ser impactadas diretamente pelos juros altos, marcaram os piores desempenhos da Bolsa. A varejista Magazine Luoza recuou 13%. Já a alta do dólar afetou o desempenho da Gol, que recuou 10%.
Dólar
O dólar subiu mais de 1% na sessão desta quinta-feira (23/3) e encerrou o dia cotado a R$ 5,29. Foi a maior cotação em mais de um mês. A alta do dia anulou os ganhos do real frente à moeda americana no ano.