Rondônia, Estado vizinho e que durante algum tempo foi economicamente dependente do Acre e que é sempre muito criticado por ambientalistas como exemplo negativo de desenvolvimento com prejuízos ao meio ambiente, com a expansão do agronegócio e da agricultura como plantio de soja e café e outras culturas, fechou o ano de 2022 como um dos estados que mais gerou emprego no país. Ao lado de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, Rondônia fechou 2022 com índices de desemprego inferiores a 4%, bem abaixo da média nacional.
É o que revela dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que o índice de desocupação nesses quatro estados ficou abaixo de 4%, o que configura praticamente uma situação de “pleno emprego”.
O chamado pleno emprego é, tecnicamente, o conceito que indica a utilização máxima da capacidade de produção, capital e trabalho, em uma situação de equilíbrio entre oferta e procura. De acordo com o IBGE, um índice de desocupação que se mantenha abaixo de 4% pode refletir um cenário de pleno emprego, a depender de outros fatores que também devem ser considerados.
Segundo o IBGE, no trimestre encerrado em dezembro de 2022, o desemprego no Brasil ficou em 7,9%. Em janeiro de 2023, a taxa foi de 8,4%. Os números positivos nos quatros estados refletem a força do agronegócio. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que lideram os números, terminaram 2022 registrando índices de desocupação de 3,5% e 3,3%, respectivamente. E a economia dos dois estados tem potencial para continuar aquecida. Em 2023, de acordo com o IBGE, a safra de grãos no país deve bater recorde e ultrapassar os 300 milhões de toneladas. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário do país é de 11,6% neste ano.
A robustez dos números, no entanto, pode esconder um problema que afeta não só os dois estados, mas também Rondônia, que fechou o ano passado com o menor índice de desemprego do Brasil (3,1%): a falta de mão de obra qualificada.
Em Rondônia, estado cujo agronegócio vem se expandindo fortemente nos últimos anos graças à produção de grãos, a principal responsável por uma taxa tão baixa de desocupação é justamente a pequena participação da força de trabalho na economia local.
Em 2022, no Brasil, 62,4% da população em idade ativa estava empregada ou procurava um emprego, mas em Rondônia o percentual era menor (60,5%). Com pouca gente procurando trabalho, o desemprego é, naturalmente, mais baixo, mas muitas vagas não são preenchidas.
Segundo estado brasileiro com o menor índice de desemprego no ano passado (3,2%), Santa Catarina tem na diversidade da economia local um trunfo competitivo importante. No oeste catarinense, o destaque vai para o agronegócio e a indústria alimentícia. No norte, a indústria têxtil tem grande força. No sul, turismo, tecnologia, cerâmica e a indústria de móveis ditam o ritmo da economia.
O principal motivo para o baixo desemprego é a diversidade produtiva do território catarinense. Santa Catarina tem uma indústria diversificada setorialmente e especializada regionalmente. Isso faz com que, em momentos difíceis para determinado segmento, haja uma compensação de outra parte, com outros setores indo bem. No início da pandemia de Covid-19, em 2020, a primeira grande onda de emprego no Estado foi gerada pela indústria. Mais adiante, em meados de 2021 e 2022, o setor de serviços foi preponderante.
A retomada do turismo, com a flexibilização das restrições impostas durante a pandemia, também fez girar a roda da economia catarinense.