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POLÍTICA

Lula defende parceria com a China para “mudar governança mundial”

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Pequim – A visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China termina nesta sexta-feira com promessas de investimentos bilionários em infraestrutura no Brasil e uma série de gestos políticos e diplomáticos que apontam para uma nova e ambiciosa postura do país na cena global.

Sob Lula, a ordem é apostar mais no protagonismo dos países emergentes e tirar vantagens econômicas da disputa que China e Estados Unidos travam pelo posto de principal superpotência do planeta no século 21.

No primeiro compromisso do dia, um encontro com Zhao Leji, presidente da Assembleia Popular Nacional, o congresso chinês, Lula falou em fazer uma parceria com a China para “mudar a governança mundial”.

“Os nossos interesses na relação com a China não são apenas comerciais. (…) Temos interesse científico, tecnológico. Temos interesses culturais, temos interesses políticos e nós temos interesses em construir uma nova geopolítica para que a gente possa mudar a governança mundial dando mais representatividade às Nações Unidas”, afirmou o presidente brasileiro logo no início do encontro com Leji.

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“Nós não podemos continuar com Nações Unidas que não tenham a força necessária para coordenar o equilíbrio que o mundo precisa para que a gente possa viver mais em paz”, prosseguiu.

A sequência de compromissos de Lula com autoridades chinesas termina no final da tarde desta sexta-feira em Pequim, entre a madrugada e início da manhã no Brasil, com um encontro com o presidente Xi Jinping no Grande Salão do Povo.

Veja o encontro entre Lula e Xi Jinping:

 

Em discurso nesse encontro com o líder chinês, Lula reafirmou a tendência de aproximação com a China.

“Ontem, fizemos visita a Huawei, em uma demonstração de que queremos dizer ao mundo que não temos preconceito com o povo chinês. E que ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China”, afirmou o presidente Lula.

Comunicado conjunto

Como resultado da visita oficial, deverá ser divulgado um comunicado conjunto de 49 parágrafos com os principais resultados da visita.

até as horas que antecederam a reunião de Lula com Xi Jinping.

Há, no pacote, uma série de acordos comerciais e de cooperação, inclusive na área tecnológica.

Após dias de suspense em torno de uma possível adesão do Brasil à Nova Rota da Seda, o megaplano do governo de Xi Jinping para ampliar a presença chinesa ao redor do mundo por meio de investimentos em projetos bancados por Pequim, foi batido o martelo: não haverá adesão.

A China pressiona o Brasil há tempos para aderir ao plano, mas o Itamaraty resiste. Um dos motivos da resistência é o embaraço diplomático que a assinatura de um acordo desse tipo poderia causar na relação com o governo americano, franco opositor da iniciativa.

Para justificar aos chineses a não adesão, o Brasil argumenta que já existem outros canais na relação entre os dois países capazes de comportar os mesmos tipos de investimentos, sem necessidade de integrar formalmente o rol de quase 150 países que já participam do plano. A Nova Rota da Seda completa uma década neste ano.

Valor de investimentos

Fontes do governo brasileiro estimam que, como resultado de reuniões realizadas durante a viagem à China, o país receberá investimentos de empresas chinesas nos próximos anos que somam, no mínimo, R$ 50 bilhões.

Essa cifra inclui obras como a construção de uma ponte ligando Salvador e a ilha de Itaparica, ferrovias, investimentos da gigante chinesa de tecnologia Huawei e a possibilidade de tirar do papel o linhão de energia de Tucuruí, o último que falta para interligar todo o sistema elétrico do país – o projeto, polêmico, está travado há anos em razão de questões ambientais.

Com os chineses, o governo brasileiro tratou também da importância de avançar nas negociações para que países emergentes possam fazer transações comerciais entre si usando moedas locais. O plano é tentar, cada vez mais, diminuir a dependência do dólar.

Com a China, seu maior parceiro comercial, o Brasil firmou um acordo para permitir que as transações sejam feitas diretamente em real e yuan. Esse é um passo caro ao anseio chinês de “desdolarizar” a economia mundial.

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