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Amostra de cipó do Acre vira mistério a ser desvendado na genética, diz Folha de S. Paulo

Publicado em

Foto: Antonio Saulo

O cipó-mariri, cientificamente chamado de Banisteriopsis Caapi, é a planta que dá origem ao chá da Ayahuasca, também conhecido como chá do Daime, religião regional do Acre e da Amazônia.

Os componentes químicos presentes na planta chegam à corrente sanguínea e ao cérebro gerando um efeito psicodélico, o que se atribui às miragens da Ayahuasca. A bebida é utilizada em algumas religiões como o Santo Daime e a União do Vegetal.

Geralmente, seus membros cultivam a planta. Esse conhecimento tradicional produz mais de uma espécie do cipó, que foi objeto de estudo de uma pesquisa científica, que propõe desvendar questões ligadas ao código genético para identificar as variantes de espécie da planta.

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Detalhe da variedade caupuri do cipó-mariri, usado para fazer ayahuasca – Reprodução do artigo Luz et al. 2022 https://doi.org/10.1007/s10722-022-01522-3

A pesquisa recebeu financiamento e conseguiu reunir mais de 120 amostras do cipó, de estados como o Acre, Amazonas, Pará e Rondônia. O artigo conseguiu a separação por grupos e a identificação (como uma forma de catalogação), do DNA que formam o cipó-mariri.

Após identificadas corretamente, uma das pesquisadoras envolvidas diz que isso possibilita a correta conservação. Com o desdobramento da descoberta correta, essas medidas de conservação podem ser devidamente efetivadas.

As variedades provocam diferentes reações em razão dos psicoativos e isso poderia trazer uma diferença em estudos clínicos. Em entrevista à Folha de S.Paulo, a orientadora da pesquisa, Jacqueline Batista, disse que “apenas começamos a desvendar os mistérios”.

Até o momento não havia nenhuma pesquisa nesse sentido de explorar essas plantas que integram o bioma amazônico e fazem parte dessas religiões. As pesquisadoras ainda endossam que planejam gerar informações inéditas com esse trabalho e reiteram que o conhecimento científico e tradicional não precisam entrar em conflito e podem coexistir.

“Foi um ponto de partida interessante confirmar o que fenotipicamente se conhecia. Precisamos de mais estudos e informações para definir, lá na frente, se são espécies diferentes ou não.”

Embora os membros de religiões ayahuasqueiras reconheçam efeitos psicoativos ligeiramente diferentes ao ingerirem o chá com diferentes etnovariedades do cipó-mariri, até hoje ninguém tinha estudado se haveria alguma diversidade genética entre essas linhagens, observa Francisco Prosdocimi, biólogo do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da UFRJ, comentando o trabalho no Inpa.

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