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GERAL

Bolsa Família: bloqueios para famílias de uma pessoa geram filas em CRAS

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CRAS amanhecem com filas nesta segunda-feira depois de bloqueio de Bolsa Família em cadastros de famílias unipessoais Hermes de Paula/Agência O Globo

Nesta segunda-feira (17), cariocas enfrentaram grandes filas nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) para tentar reaver o acesso ao Bolsa Família. Isto porque na semana passada, o governo federal anunciou o bloqueio de 1,2 milhãode benefícios pagos a famílias identificadas como unipessoais no Cadastro Único (CadUnico).

A suspensão do pagamento faz parte de força-tarefa coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento Social para mitigar irregularidades no acesso ao benefício. O foco é em cadastros de 6 milhões de pessoas que ingressaram no CadUnico durante o período eleitoral, no ano passado.

Quem mora realmente sozinho e teve o benefício bloqueado foi avisado por mensagem no celular, no aplicativo e no extrato bancário. E ganhou 60 dias para regularizar a situação, indo a um posto de atendimento do Cadastro Único. Mas a preocupação e a necessidade, é claro, provocaram corrida a estes locais.

Horas de espera

Em Realengo, para alguns, a fila durou 12 horas. Beneficiários chegaram ainda na noite de domingo no CRAS Oswaldo Antonio Ferreira para aguardar o início do atendimento nesta segunda, às 8h. No CRAS Dr. Sobral Pinto, em Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio, a espera superava 3 horas. Para Roseyara Lima Ferreira, de 51 anos, porém, o tempo passou ainda mais devagar pela urgência de retomar o benefício bloqueado.

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Desempregada há dois anos e morando sozinha desde 2022, ela vai pela segunda vez consecutiva ao CRAS para desbloquear o pagamento pelo mesmo motivo: o benefício foi bloqueado por ter se identificado como família unipessoal. Assustada com as contas para pagar, ela lembra, emocionada, que depende da ajuda da filha e da irmã para pagar as contas e as medicações para as quatro doenças com que convive.

— Se preciso comprar um remédio para tratar a fibromialgia, por exemplo, preciso pedir dinheiro à minha filha. Se preciso pagar uma passagem de ônibus, tenho que falar com minha irmã. Aí, vou procurar emprego, mas me acham velha demais para o mercado de trabalho. Vou fazer o que? — lamenta Roseyara, que depende do Bolsa Família para pagar remédios que não são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O desespero para pagar as contas também tomou Ametista Maria Pinheiro, de 55 anos. Desempregada há um ano, começou a receber o benefício em março, valor que usava para se manter na casa de uma comadre no Engenho de Dentro, onde vive de favor.

— Hoje, eu acabo tendo que morar de favor na casa de uma amiga porque não tenho dinheiro para me manter sem isso. Os R$ 600 que entraram em março foram bons porque dá, pelo menos, para ajeitar uma casinha para morar — conta.

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