GERAL
Gonçalves Dias afirma ter feito ‘gerenciamento de crise’ ao invés de prisões
Em depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira, 21, o general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que estava retirando extremistas de um setor do Palácio do Planalto, mas não efetuou prisões, porque estava fazendo “gerenciamento de crise”.
Dias foi ouvido por 5 horas pela PF. Ele se demitiu na quarta-feira (19), após a divulgação de imagens que mostram que ele estava circulando em meio aos extremistas dentro do Planalto no dia 8 de janeiro, data do ataque.
As imagens, divulgadas inicialmente pela CNN Brasil, mostram também agentes do GSI conversando com os extremistas. Um deles, o major José Eduardo Natale, oferece água aos extremistas.
No dia da demissão, Dias disse que estava no Planalto para retirar os invasores de lá. A PF perguntou por que ele não prendeu ninguém.
“Que indagado porque, no 3° e 4° pisos, conduziu as pessoas e não efetuou pessoalmente a prisão, respondeu que estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no 2° piso tão logo descessem, pois esse era o protocolo”, registrou a PF durante o depoimento de Dias.
O ex-ministro afirmou que, sozinho, não teria conseguido prender os extremistas. “Que o declarante não tinha condições materiais de, sozinho, efetuar prisão das 3 pessoas ou mais que encontrou no 3° e 4° andares, sendo que um dos invasores encontrava-se altamente exaltado”, relatou o general à PF.
Ele afirmou ainda que, se tivesse visto a cena do major Natale oferecendo água aos extremistas, teria prendido o militar. “Que indagado a respeito de o major José Eduardo Natale de Paula Pereira haver entregue uma garrafa de água a um dos invasores; que deve ser analisado pelas circunstâncias do momento os motivos do major, mas que, se tivesse presenciado, o teria prendido”, disse.
‘Apagão’ no sistema de inteligência
O ex-ministro afirmou que, na opinião dele, o sistema de inteligência não funcionou no dia 8 de janeiro. Ele argumentou que não havia informações suficientes para embasar a tomada de decisões.
“Que indagado se o declarante entende se houve apagão da inteligência, respondeu que acredita que houve um ‘apagão’ geral do sistema, pela falta de informações para tomada de decisões”.
Ele disse que não foi informado sobre ações radicais que ocorreriam em Brasília no fim de semana do dia 8 de janeiro. “Que não tenha conhecimento a respeito de ações radicais que ocorreriam em manifestação na cidade de Brasília entre 6 e 8 de janeiro”, contou o general à PF.