No processo, Hissam foi apontado como empresário do ramo de hotéis e agência de carros, além de ser o “chefe maior do narcotráfico” no estado. Ele foi alvo da CPI do Narcotráfico entre 1990 e 2000, quando foi indiciado por envolvimento com tráfico de drogas, furto e desmanche de veículos, concussão, extorsão, corrupção ativa e passiva.
À época, o brasileiro de origem libanesa prestou serviços de transporte aéreo para o governo do Paraná e várias empresas, como a Petrobras. Mesmo com as acusações, ele foi inocentado pela Justiça em 2010.
“O próprio Ministério Público, que havia acusado Hissam de associação para traficância, considerou, no decorrer do processo, que não haviam evidências que comprovassem o crime”, diz trecho da decisão judicial.
Preso pela Polícia Federal
Em março de 2000, Hissam foi preso preventivamente por 60 dias pela Polícia Federal (PF), a pedido da CPI. Ele foi acusado de ter uma chácara em Campo Largo (PR) com pista de pouso para helicópteros e um laboratório para o refinamento de cocaína.
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Em depoimento à CPI, ele afirmou ter emprestado a aeronave ao então candidato a governador do Paraná Jaime Lerner (1937-2021). No entanto, negou as acusações dizendo que o local era uma copropriedade com 18 pilotos de Curitiba e o suposto laboratório de refino de coca era um hangar.
Segundo a declaração do senador Roberto Requião na CPI, não havia nenhuma declaração e nota fiscal de compra relacionadas ao aluguel dos helicópteros para o uso do candidato Lerner.
“Mostra um vínculo profundo entre o governo do estado e os narcotraficantes, principalmente quando o avião do narcotraficante, evidentemente utilizado na distribuição de droga no estado do Paraná, era pilotado por três pilotos da Casa Militar do governo do estado”, disse Requião.
Ainda de acordo com os depoimentos de Hissam à CPI, ele declarou ter acumulado patrimônio equivalente a R$ 5 milhões, em pouco mais de 10 anos, com hotelaria, revenda de combustíveis, transporte aéreo, entre outros.
Em outubro de 2000, sete meses depois, Hissam foi preso pela comissão paranaense, sob denúncias de tráfico de drogas, proteção a traficantes, pagar à polícia por proteção. Acusações nas quais ele declarou ser inocente.
Hissam ficou preso por 104 dias na Prisão Provisória do Ahú, em Curitiba (PR), mas foi solto pela Justiça após sua defesa alegar que o prazo da prisão provisória havia expirado. Atualmente, ele é alvo de investigações do Ministério Público do Paraná devido ao casamento com a adolescente.
Mais controvérsias
Hissam já foi investigado por suspeita de outros crimes. Em outubro de 2007, chegou a ser detido pela Operação Metástase, da PF, que teve 25 suspeitos de participarem de um esquema de fraudes em licitações da Fundação Nacional da Saúde (Funasa).
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Além das acusações de fraude, ele foi alvo de denúncias de lavagem de dinheiro, descaminho, corrupção ativa, formação de quadrilha, sonegação fiscal, crime contra a ordem econômica e quebra de sigilo telefônico. Ele foi condenado em março de 2020, e recorre da sentença em segunda instância.
Entenda o caso
No início do mês, 12 de abril, Hissam Hussein Dehaini (sem partido) casou com uma jovem de 16 anos, de acordo com o Jornal Oficial dos Cartórios de Registro Civil. Um dia após o matrimônio, ele nomeou a sogra, Marilene Rode, como secretária de Cultura e Turismo de Araucárias (PR).
Os dois casaram após a autorização dos pais da adolescente Kauane Rode Camargo. Porém, logo após a repercussão negativa do caso, o prefeito se desligou, nessa terça-feira (25/4), do partido Cidadania.