Atriz trans de ‘Terra e Paixão’ revela expulsão de casa e agressão: ‘Luta diária para sobreviver’
Publicado em
26 de junho de 2023
por
Terra
Eita, como brilha! Aos 43 anos, atriz esbanja carisma e sensualidade Foto: Renata Xavier
Quem vê o sucesso de Valéria Barcellos na novela Terra e Paixãonão imagina quantos obstáculos a atriz e cantora viveu até atingir o auge da sua carreira. Aos 43 anos, a gaúcha nascida no interior do Rio Grande do Sul, fala três idiomas e carrega uma bagagem de experiências com música, literatura, performance e fotografia.
Apesar de ser estreante em novelas, Valéria carrega uma trajetória de mais de 30 anos na música e mais de 25 anos no teatro. Em entrevista ao jornal Extra, ela revelou que foi esfaqueada em 2015 por simplesmente estar caminhando nas ruas de Porto Alegre.
“É uma luta diária para sobreviver, até com a gente mesmo. Às vezes desistimos de ir ao lugares, repensamos sair de casa porque sabemos que vai ter alguma violência. Hoje enfrento ainda muita coisa, apesar de estar em destaque na novela.”
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Em 2018, Valéria Barcellos recebeu um convite mais que especial: abrir o show de Katy Perry em Porto Alegre: “Ganhei uma vida útil artística por alguns bons anos”. Infelizmente, em 2019, a atriz iniciou uma batalha contra um câncer que durou até o início da pandemia. Ela descobriu o sarcoma de pele durante a estreia de uma peça teatral.
“Foram cerca de dois anos de tratamento, foi bem difícil, agressivo. Perdi o cabelo, não conseguia comer, tive enjoo, todas aquelas coisas horrorosas. E, no meio disso, tinha que trabalhar, porque os boletos não paravam de chegar”, conta.
Sobre contracenar com grandes nomes da TV, ela afirma que acreditava que travestis e trans não poderiam ocupar esse lugar.
Ela relembra que até aos 7 anos acreditava ser igual a sua mãe, até vê-la tomar banho e perceber que suas partes íntimas eram diferentes. “Eu pensei: isso aqui que eu tenho vai cair quando eu crescer e vou ficar igual à mãe (risos)! Achava que todo mundo era menina e o de todo mundo caía. Tive uma decepção terrível porque não caiu (risos)”.
Valéria iniciou sua transição aos 18 anos em um tratamento hormonal sem acompanhamento, que não é recomendado para ninguém, principalmente pelos riscos à saúde.
Apesar de hoje ela ser o orgulho da família e manter uma boa relação com todos, ela conta que foi expulsa de casa pelo padrasto. Seu pai biológico deixou sua mãe ainda na gravidez, mas Valéria o conheceu aos 8 anos. Ela tentou reencontrá-lo aos 17 anos, mas infelizmente ele morreu no mesmo dia.
“Já com meu pai de adoção, eu tenho uma relação cordial, nada além disso. Ele mora em Santo Ângelo com a nova esposa. Me colocou pra fora de casa. Quer dizer, pediu gentilmente pra eu me retirar da casa, que era minha também. Essas coisas que acontecem… Fui morar num porão onde não conseguia nem ficar em pé. Às vezes, penso: meu Deus, como sobrevivi?”
Sobre como se sente atualmente, ela conclui: “Só coloquei silicone há um ano. (…) Eu me senti bem aos 43 anos e penso que isso não vai mudar absolutamente nada na minha vida. Foi só uma coisa que fiz e pronto. (…) Hoje, depois de passar por um câncer, de quase ter morrido esfaqueada, eu estou bonita pra caramba, maravilhosa, feliz comigo mesma!”.