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BRASIL

Por que os juros de longo prazo subiram no Brasil no pós-Copom

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O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), cortou os juros básicos do país, a Selic, na quarta-feira (2/8) pela primeira vez em três anos. A previsão era que a medida causaria certo alívio ao cenário das finanças nacionais. Não foi bem assim, porém. No pós-Copom, os juros de longo prazo subiram no país.

Na avaliação do economista Márcio Holland, professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo (FGV EESP), problemas internos e externos à economia nacional pesaram nessa mudança dos juros de longo prazo. No grupo dos internos, ele inclui o próprio comunicado emitido pelo Copom, anunciando a redução de 0,5 ponto percentual da taxa, agora fixada em 13,25% ao ano.

Esse tipo de texto, nota Holland, tem grande repercussão entre os investidores. Diz ele: “Já escrevi um artigo acadêmico, mostrando o impacto da comunicação do Copom na estrutura a termo de juros no Brasil. Esse efeito está bem documentado na literatura internacional. Não é fantasia de mercado. Não é invenção da Faria Lima. Comunicação e sinalização de politica monetária importam muito”.

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Para o professor da FGV, um dos principais problemas do texto em questão foi tom ameno que ele assumiu, com, por exemplo, o “sumiço” de qualquer menção à questão fiscal, que ainda pesa sobre a economia do país. “No comunicado anterior, o assunto havia sido identificado como um fator de risco”, diz. “E por que, de repente, o Copom sumiu com o fiscal, se não houve nenhuma alteração nesse cenário da última reunião para cá?”

“Cavalo de pau”

Ele acrescenta que o comunicado mostrou que o órgão do BC mudou muito – e fez isso de forma rápida demais. O Copom optou por um corte de 0,50 ponto percentual da Selic, que deve ser aplicado também nas próximas três reuniões do Copom. A maioria dos agentes econômicos, no entanto, espera uma redução de 0,25 ponto percentual. “Foi quase como o ‘cavalo de pau’ que o BC deu em 2011”, diz, em referência a um corte surpreendente dos juros práticado na ocasião, durante o governo de Dilma Rousseff.

Reação normal

Para o economista André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), o aumento da curva de juros de longo prazo não é tão surpreendente. Ao contrário. É normal. “Se no curto prazo os juros caem, isso quer dizer que, no longo, a inflação vai subir”, diz. “Por isso, há uma elevação da curva de juros mais adiante.”

Braz afirma, no entanto, que a magnitude do corte realmente surpreendeu. Além do 0,50 ponto percentual de imediato, existe a perspectiva de mais três reduções do mesmo tamanho nas próximas reuniões do órgão do BC até o fim do ano. “Isso quer dizer que teremos uma Selic 2 pontos percentuais abaixo do patamar que estava no início desta semana”, afirma. “Ou seja, ela pode chegar a 11,75% no fim do ano.”

Componente externo

Na análise de Gabriel Leal de Barros, sócio e economista-chefe da Ryo Asset, a oscilação das taxas de longo prazo está muito mais relacionada a pressões do cenário externo. “Parece um certo exagero acreditar que a mudança dos juros tenha sido, majoritariamente, provocada pela decisão de corte de 0,50 ponto percentual da Selic, promovida pelo BC, que, diga-se de passagem, apontou por unanimidade para cortes de mesma magnitude nas reuniões seguintes.”

A fonte desse efeito externo, no caso, foram incertezas relacionadas à economia americana, provocadas por informações divulgadas nas últimas semanas. Em geral, elas indicavam um aquecimento – ou a manutenção dele – da atividade econômica. Isso poderia fazer com que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) estendesse o aperto da política monetária. Também pesou na conta dos problemas externos, acentuando riscos, o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos, promovido pela agência Fitch.

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Nesta sexta-feira, contudo, novas informações mostraram que o nível de emprego havia subido menos do que o esperado entre os americanos. Esse tipo de dado sugeriu ao mercado que os juros altos estão surtindo efeito na economia local. Ou seja, ela está diminuindo o ritmo de avanço e, com isso, a inflação tende a cair. Diante dessa perspectiva, os juros de longo prazo voltaram a cair no Brasil. “No mercado, os vaivéns são comuns”, diz Holland, da FGV.

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