POLÍTICA
GSI de Lula afasta militares que enviaram a Mauro Cid detalhes de viagens do presidente
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula afastou os militares Márcio Alex da Silva (segundo-tenente do Exército), Dione Jefferson Freire e Rogério Dias Souza (suboficiais da Marinha) pelo envio de e-mails a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com informações confidenciais sobre as agendas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O GSI disse, nesta quarta-feira, 9, que abriu sindicância para apurar os fatos e informou que os três “serão desligados da Presidência da República”.
As mensagens estavam na caixa de e-mails deletados de Mauro Cid e estão sendo analisadas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. Todas contêm documentos anexados e informações sobre a segurança de Lula em agendas oficiais – com horários de chegada e saída, pontos de encontro, itinerário, veículos que foram usados na escolta e agentes responsáveis por coordenar as operações.
A informação foi divulgada pelo Metrópoles e o Estadão teve acesso às mensagens enviadas pelos militares.
No dia 10 de março, Mauro Cid recebeu um e-mail de Rogério Dias Souza com informações sobre as agendas de Lula em Xangai, na China. Nos dias seguintes, 11 e 13 de março, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro também recebeu mensagens enviadas originalmente por Dione Jefferson Freire e Márcio Alex da Silva com informações sobre compromissos do petista em Brasília. Essas mensagens estavam na lixeira da caixa do e-mail de Mauro Cid (mauro.cid@presidencia.gov.br), à qual ele continuou tendo acesso depois do fim do mandato de Bolsonaro. Ele está preso desde 3 de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação.
Os três militares afastados foram incorporados ao GSI na gestão presidencial passada. Freire é o mais antigo: passou a compor o gabinete em 2 de janeiro de 2020. Silva ingressou sete meses mais tarde, em julho de 2020, enquanto Souza chegou por último, em maio de 2021.
E-mails de Mauro Cid na mira da CPMI do 8 de Janeiro
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro obteve acesso a milhares de e-mails que foram deletados das contas dos ajudantes de ordens do ex-presidente Bolsonaro. As mensagens, contudo, não foram definitivamente excluídas da lixeira.
Além das mensagens que vazam detalhes de agendas do presidente, há e-mails que mostram uma tentativa de Mauro Cid de vender um relógio da marca Rolex, cravejado de platina e diamantes, similar ao que Bolsonaro recebeu de presente do governo da Arábia Saudita em 2019.
Outras mensagens trocadas entre os ajudantes de ordens mostram que Bolsonaro recebeu e supostamente guardou em um cofre um pacote de pedras preciosas que ganhou durante uma agenda em Teófilo Otoni (MG). Um grupo de parlamentares pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) que investigue o caso.
Leia a íntegra da nota do GSI
A nota comunicando o afastamento de Márcio Alex da Silva, Dione Jefferson Freire e Rogério Dias Souza foi divulgada nesta quarta-feira.
“A respeito de matéria veiculada sobre o envio ao ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República de informações relativas às viagens do Presidente da República, o Gabinete de Segurança Institucional informa que está instaurando sindicância para apurar os fatos, os militares citados foram afastados do trabalho e serão desligados da Presidência da República.”