POLÍTICA
Naime chamou Exército de “melancia” e disse para militares se virarem com acampamento no QG
Informado sobre o grande aumento de manifestantes golpistas no acampamento em frente ao QG do Exército, em Brasília, o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, então comandante do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), deu de ombros quanto à ação de policiais militares no local: “Deixa os ‘melancia’ se virar”. A mensagem, que consta em denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), foi retirada de uma conversa entre Naime e o coronel Marcelo Casimiro, em novembro de 2022.
De acordo com a denúncia da PGR, o termo “melancia” faz uma referência a militares do Exército Brasileiro que teriam uma “casca verde”, em uma alusão à cor da farda, e seriam internamente “vermelhos” por apoiar ideologias políticas de “esquerda”. Naime ainda considerou que a PMDF não deveria sequer ter feito bloqueio no acesso ao Setor Militar Urbano para auxiliar o Exército, ressaltando que o ato teria decorrido de decisão do comandante-geral da corporação, coronel Fábio Augusto Vieira.
Segundo a PGR, Fábio Augusto, Jorge Naime e Marcelo Casimiro, que integravam a cúpula da PMDF na época dos atos golpistas de 8 de janeiro, tinham conhecimento, portanto, de que o acampamento no Setor Militar Urbano concentrava extremistas, que ali se organizavam para a prática de atos antidemocráticos voltados a garantir a permanência do presidente Jair Bolsonaro no poder, nutrindo a expectativa de um golpe de Estado.
Prisões
Marcelo Casimiro e outros membros da PMDF, que faziam parte da cúpula da corporação no dia dos atos extremistas de 8 de janeiro, foram presos pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (18/8). O coronel Jorge Eduardo Naime e o major Flávio Silvestre de Alencar também foram alvo da operação, mas já estavam presos.
Um dos detidos nesta sexta é o atual comandante-geral, coronel Klepter Rosa Gonçalves. Ele foi preso preventivamente, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O Metrópoles revelou detalhes da denúncia em primeira mão, na noite dessa quinta-feira (17/8). Além de Klepter Rosa, cinco oficiais que integravam a cúpula da corporação na data dos atos antidemocráticos foram presos no âmbito da operação, intitulada Incúria. Outros dois alvos da força-tarefa já estavam detidos – entre eles, Jorge Naime – e serão mantidos na cadeia.
Os mandados cumpridos pela PF e pela PGR nesta manhã foram determinados pelo relator do Inquérito nº 4.923 no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes. A PGR denunciou esses e outros investigados ao STF por crimes omissivos impróprios, em virtude de não terem agido como deveriam enquanto representantes do Estado.