GERAL
Campos Neto sobre rotativo do cartão: “Não fazer nada pode ser pior”
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a falar nesta terça-feira (22/8) sobre a possibilidade de extinção do rotativo do cartão de crédito.
O chefe da autoridade monetária participou de um seminário promovido pelo banco Santander, em São Paulo. Há cerca de duas semanas, Campos Neto antecipou que o fim do rotativo do cartão vinha sendo discutido.
“Precisamos achar uma solução em que o parcelado sem juros não pode sofrer nenhuma ruptura. Não temos como dizer qual vai ser a solução e, às vezes, não fazer nada talvez pode ser pior do que tentar achar uma solução organizada”, disse o presidente do BC.
“Esse é um tema muito polêmico. Temos conversado sobre isso. Inclusive, a primeira conversa foi no governo anterior”, completou Campos Neto, referindo-se à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Rotativo do cartão de crédito
O rotativo do cartão de crédito é uma linha de crédito pré-aprovada no cartão. Ela é acionada por quem não pode pagar o valor total da fatura na data de vencimento.
Em caso de inadimplência do cliente, o banco deve parcelar o saldo devedor ou oferecer outra forma de quitação da dívida, em condições mais vantajosas, em um prazo de 30 dias.
Segundo especialistas, o rotativo do cartão é a linha de crédito mais cara do mercado e deve ser evitada. A recomendação é a de que os clientes paguem o valor integral da fatura mensalmente.
Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou preocupação com a taxa de juros do cartão rotativo. Na época, ele disse que negociaria com os bancos uma possível redução.
Mais de 400% ao ano
A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo caiu para 437,3% ao ano em junho, de acordo com dados do BC.
No mês anterior, os juros estavam em 455,1%, atingindo o maior patamar desde 2017.
Apesar da queda registrada em junho, os juros do cartão seguem em patamares altíssimos. Há um ano, a taxa estava em 370,4%.
Inflação
No evento do Santander, Roberto Campos Neto voltou a dizer que a batalha contra a inflação no Brasil ainda não está vencida.
“A batalha contra a inflação não está ganha. Precisamos persistir. E nós adotamos uma linguagem na comunicação, em que a gente entende que os juros ainda precisam ser restritivos”, afirmou.
A inflação no país ficou em 0,12% no mês passado, voltando a subir depois de ter recuado 0,08% em junho. No acumulado de 12 meses, até julho, a inflação foi de 3,99%. No ano, a inflação acumulada é de 2,99%.
Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%.