ESPORTES
Avião parado não altera o placar: Palmeiras sai no prejuízo como instrumento de Leila Pereira
Quando Leila Pereira anunciou a compra de um avião que serviria como transporte ao Palmeiras em jogos da equipe, torcedores, insatisfeitos com a falta de reforços de peso para o elenco, debocharam da situação ao qualificar a chegada da aeronave como a única contratação da última janela de transferências.
Apesar das brincadeiras, o problema técnico que impediu o retorno da delegação após o jogo contra o Deportivo Pereira, na Colômbia, precisa ser tratado com seriedade e expõe os riscos de o Palmeiras ser tratado como vitrine para potencializar novos empreendimentos de sua presidente.
Leila nunca fez nenhuma caridade ao Palmeiras. Como uma mulher de negócios, enxergou a oportunidade de alavancar empresas por meio de patrocínios ao clube e até mesmo de pegar um voo sem escalas de patrocinadora a presidente da instituição, graças aos investimentos que deram retorno em campo e, consequentemente, às suas contas bancárias pela visibilidade adquirida pela Fam e Crefisa.
Dessa vez, não é diferente com a história do avião. Leila fundou a Placar Linhas Aéreas em uma investida pelo filão do fretamento de aeronaves para equipes de futebol. Vendeu a ideia de que o Palmeiras seria o maior beneficiado com o “reforço” logístico ao economizar em viagens. No entanto, a presidente se aproveita de sua posição para promover o negócio ainda em fase experimental.
No discurso, prometeu que o clube não precisará pagar pelo aluguel da aeronave e ganhará tempo antes e depois dos jogos. Na prática, a Placar Linhas Aéreas conta com um objeto de propaganda generoso para desbravar um setor pouco explorado, mas com enorme potencial de crescimento.
Porém, apenas em seu terceiro voo – o primeiro internacional – o avião deixou o Palmeiras na mão, obrigando a delegação a não só atrasar o retorno ao Brasil, mas a rodar quase 200 quilômetros de ônibus para pegar um voo comercial em Cali e só chegar a São Paulo dois dias depois da goleada sobre o Deportivo Pereira.
O conflito de interesses, sempre negado por Leila, permanece no ar e deixa perguntas que dificilmente terão respostas: quem cobre o prejuízo técnico do Palmeiras, que vê sua programação para a partida diante do Vasco, pelo Campeonato Brasileiro, comprometida por causa do problema no avião da presidente? Quem garante que voar obrigatoriamente com a Placar, que por enquanto só possui uma aeronave, será sempre o melhor negócio em termos práticos para o clube, ainda que não precise desembolsar o aluguel?
Ter um avião à disposição pode ser, sim, um luxo em tempos de calendário apertado e ofertas cada vez mais restritas de voos fretados. Mas, quando se trata de um negócio bancado pela presidente do clube, usado como instrumento de publicidade, o voo frustrado na Colômbia mostra que o Palmeiras pode ter mais a perder do que a ganhar caso se torne refém da Placar.