MUNDO
Cientistas alegam surgimento de novo sotaque na Antártica
Os sotaques fazem parte da identidade de determinada região, com base na formação social e ancestralidade – mas uma região sem residentes fixos está presenciando o surgimento desse fenômeno.
Na Antártica, residem temporariamente grupos de pesquisadores que estudam as diversas questões ambientais presentes nesse ecossistema, mas não registra população nativa ou residentes permanentes por conta das condições climáticas extremas.
Um grupo de cientistas foi direcionado à Antártica para estudar aspectos do comportamento humano, da cultura e da sociolinguística, e as condições climáticas extremas que são propícias para essas análises.
- A equipe da Universidade Ludwig Maximilian, de Munique (Alemanha) analisou a mudança fonética nos sotaques entre 11 voluntários recrutados;
- Entre eles, oito participantes são da Inglaterra, um do noroeste dos EUA, outro da Alemanha e o último é islandês;
- Ao longo do estudo, o grupo gravou suas vozes em diversas etapas, sendo uma ao início e outras quatro vezes ao longo do estudo em intervalos de seis semanas.
Resultados
Mantendo contato mínimo com o resto do mundo, os participantes perceberam mudanças significativas em seus sotaques e, entre as mudanças, alguns deles notaram que passaram a pronunciar algumas palavras com vogais mais longas.
Além disso, a forma que o grupo pronunciava algumas palavras também mudou. Embora tenham sido mudanças leves, essas alterações indicam o impacto regional da Antártica na fala da população que reside, mesmo que temporariamente, na região.
“O sotaque antártico não é realmente perceptível como tal – levaria muito mais tempo para que se tornasse assim – mas é acusticamente mensurável”, disse Jonathan Harrington, autor do estudo e professor de Fonética e Processamento de Fala na Universidade Ludwig-Maximilians de Munique, ao IFL Science.
“É principalmente uma amálgama de alguns aspectos dos sotaques falados pelos invernantes antes de irem para a Antártida, juntamente com uma inovação”, acrescentou Harrington. “É muito mais embrionário [do que o sotaque convencional do inglês], visto que teve pouco tempo para se desenvolver e, também, é claro, porque está distribuído apenas por pequeno grupo de falantes.”