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CIDADES

Professora denuncia racismo em supermercado após ser acusada de furtar escova de dente: ‘Estou destruída’

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A professora Liana Matias, de 37 anos, registrou um boletim de ocorrência após relatar ter sido vítima de racismo enquanto realizava compras em um supermercado no bairro Messejana, em Fortaleza, no Ceará. Segundo a educadora, ela comprou alguns produtos no estabelecimento, pagou e quando saiu foi abordada por funcionários, que a acusaram de ter furtado uma escova de dente.

O caso ocorreu no supermercado Center Box nesta quinta-feira, 31. “Toda terça, quinta e sexta estou lá. Faço as comprinhas da semana, porque como mora só eu e minha filha, sempre faço as compras de pouquinho, para não estragar [as coisas]”, conta a professora.

De acordo com a Liana, ela também almoçou no estabelecimento. Depois, foi para o caixa, onde pagou os produtos que comprou. “Coloquei minhas compras dentro da sacola e a nota fiscal dentro. Eu estava com uma bolsa tipo uma ecobag e fui me direcionar para saída”, relembra.

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No momento em que estava saindo do supermercado, a educadora relata que foi abordada por funcionários do estabelecimento, que a acusaram de furtar uma escova de dentes, alegando terem visto a ação em uma das câmeras de segurança.

“Eu era a única pessoa negra que estava saindo, fui abordada pela segurança dizendo que eu tinha roubado uma escova de dente e que estava dentro da minha bolsa, sendo que guardei tudo que comprei nas duas sacolas. Ela me disse que eu não poderia sair e eu falei: ‘moça eu paguei’. Ela me segurou, não deixou eu passar. Quando viro, vinha outro segurança, gigante, umas cinco vezes maior que eu, puxou minha bolsa me chamando de ladra, dizendo que eu tinha roubado”, conta Liana, chorando.

Nesse momento, a professora relata que conseguiu retirar da sacola a nota e a escova de dente e comprovar o que estava falando para os funcionários do estabelecimento. “Eu mostrei para eles, e falei: ‘você não vai nem pedir desculpas?’. Eles simplesmente viraram e entraram”, lamenta.

Vídeos gravados por Liana registraram a interação com os funcionários, que insistiram em verificar sua bolsa e nota fiscal. Ela mostrou a nota fiscal que incluía o pagamento da escova, bem como de outros alimentos como biscoitos, refrigerantes e margarina.

Depois, decidiu entrar novamente no supermercado para falar com o gerente e pedir acesso às imagens das câmeras de segurança, porém, teve seu pedido negado. Ela também afirma que o gerente debochou dela, sugerindo que ela teria que ir à central do supermercado para visualizar as imagens.

“Eu não tive nenhuma assistência do supermercado, ainda debocharam de mim. A empresa até agora não entrou em contato comigo, não fez nada. Estou destruída, não dá nem para explicar o sentimento, mas estou indo atrás do meus direitos”, afirmou ela.

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Foi somente com a ajuda de outra cliente que Liana conseguiu ser acalmada. Posteriormente, ela registrou um boletim de ocorrência e passou por exame de corpo de delito.

Em nota, a Polícia Civil do Estado do Ceará informa que o 6º Distrito Policial (DP) apura as circunstâncias da ocorrência. A unidade policial realiza oitivas e diligências para concluir os fatos.

O que diz o supermercado 

Em nota enviada ao Terra, o Centerbox afirma que está apurando o caso. Confira o posicionamento na íntegra:

“Considerando o compromisso e o respeito do Centerbox com a população cearense, esclarecemos que, em relação ao episódio envolvendo a abordagem de uma consumidora na loja de Messejana na presente data, em 31 de agosto, nossa equipe está realizando apuração minuciosa sobre a denúncia formulada, com a urgência que o caso requer.

Afirmamos ainda nosso empenho em adotar todas as providências administrativas e legais imprescindíveis para atribuir as devidas responsabilidades individuais.

O Centerbox reitera que não compactua com qualquer tipo de demonstração de preconceito ou discriminação, sempre havendo se pautado pelo respeito, ética e igualdade em suas quase quatro décadas de serviço a todo o povo cearense.”

 

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