POLÍCIA
Flamenguista preso em SP usa cartinhas de alunos para pedir liberdade
– Para tentar livrá-lo da cadeia, a defesa do flamenguista Jonathan Messias Santos da Silva, de 33 anos, mandou para a Justiça paulista uma série de cartinhas de estudantes que pedem a sua liberdade. O professor é réu por atirar a garrafa de vidro que matou a palmeirense Gabriela Anelli Marchiano, 23, na capital paulista.
Ao todo, 30 cartas de próprio punho foram anexadas pela defesa do flamenguista, no dia 17 de agosto, para revogar sua prisão preventiva. No material (leia abaixo), obtido pelo Metrópoles, crianças afirmam que Jonathan seria “o melhor diretor do mundo” e dizem estar com saudade.
Colegas de trabalho, vizinhos e até um policial militar também descrevem Jonathan como uma pessoa “idônea”, “prestativa”, de “coração bondoso” e “incapaz de cometer um ato de maldade”. O pedido para responder o processo em liberdade foi negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
“[Jonathan] sempre demonstrou gentileza, educação exemplar e cordialidade com todos com quem convive. Disponível para ajudar os amigos, responsável e de um caráter ímpar”, diz uma das cartas. Outra o descreve como “ser humano digno, religioso e respeitoso com sua família”.
Servidor concursado, Jonathan atuava como professor e diretor-adjunto da Escola Municipal Almirante Saldanha da Gama, em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, antes de ser preso.
Investigação
O crime aconteceu no dia 8 de julho, em frente ao Allianz Parque, na capital paulistana, horas antes da partida entre Palmeiras e Flamengo, válida pelo Campeonato Brasileiro.
Na ocasião, Jonathan viajou para São Paulo com um irmão e dois amigos para acompanhar o jogo no estádio adversário. Pai de um menino de 2 anos, ele não tinha antecedentes criminais até então.
Denúncia
O professor foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), em 14 de agosto, por homicídio com dolo eventual – quando o autor assume o risco de matar alguém. A denúncia foi aceita pela Justiça no dia seguinte.
Para o promotor Rogério Zagallo, o crime aconteceu por motivo fútil, sem chance de defesa para a vítima e com utilização de meio que gerou perigo comum.
“Jonathan realmente assumiu o risco de causar a morte da ofendida, sobretudo porque, enraivecido por causa da rivalidade futebolística, lançou uma garrafa de vidro contra o grupo de pessoas no qual ela se encontrava, direcionando sua ação contra a cabeça dos torcedores rivais”, escreveu, na denúncia.
No processo, a defesa do flamenguista alega que a acusação é falsa e contratou um perito, “expert em análise de imagens”, para contestar as provas produzidas. Uma das teses da defesa é que os vídeos usados na investigação não seriam “originais”.