RIO BRANCO
SÓ FALTAVA ESSA: presos da Manoel Neri querem TV, rádio e ventilador nas celas
Os apenados do presídio Manoel Neri, localizado em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, elaboraram uma carta para reivindicar o uso de alguns objetos na cela. Segundo eles, é um desrespeito dos direitos humanos, a falta desse itens.
Devido às altas temperaturas, falta ventilação natural e existe a proibição do uso de ventilador, televisão e rádio no local. O diretor do presídio, o policial Penal Elves Barros, destaca que alguns itens são considerados regalias e não direitos. Ele afirma que muita coisa é questão de merecimento, o que não enquadra os faccionados.
Mas Elves diz que o Instituto de Administração Penitenciária (IAPEN) está estudando fazer mudanças na unidade prisional com relação à instalação de ventiladores nos blocos 7 e 8, onde ficam membros do Comando Vermelho.
Na carta, os presos afirmam que desde o final de 2019 a situação piorou muito em Cruzeiro do Sul. Que as altas temperaturas têm impactado o presídio, que não conta com ventiladores, nem ventilação natural adequada.
Destacam a falta de informações por meio de tv e rádio e que passam longas horas confinados e sem oportunidade de remir suas penas por meio de trabalho. Falam em abuso de poder, tratamento cruel e degradante.
Na correspondência datada do último dia 6, os apenados pedem que órgãos como o Ministério Público, juizados e até a sociedade se sensibilizem com a situação.
Diretor diz que há questão de merecimento
O diretor do presídio Manoel Nery, Elves Barros, diz que as denúncias partem de presos faccionados dos blocos 7 e 8. Afirma que no presídio há, sim, ventiladores e tvs. Em dois blocos, de acordo com ele, há os dois eletrônicos ( TV e ventilador), e que do 1 ao 4, tem ventilador. Tudo, de acordo com ele, por uma questão de merecimento, o que não se enquadra aos presos dos blocos 7 e 8, onde estão os membros da facção que atua no Vale do Juruá.
Dentro dos blocos 7 e 8, aumentamos o número de faxineiros e de cortadores de cabelo e mais de 60 presos participam do Projeto Presídio Leitor. Mas o preso de organização criminosa é complexo porque ele não tem autonomia e é comandado pela facção. Se eu tirar um preso de organização criminosa e colocar no serviço interno e a facção mandar ele fugir, ele foge, mandar fazer refém, ele faz, mandar colocar algo ilícito no presídio, ele põe. Não têm autonomia e é a facção que decide tudo”, comentou.
“O presídio tem sim blocos, por merecimento, com televisão e rádio e dos blocos 1 ao 4, com celas menores, tem ventilador. Os blocos 7 e 8 são considerados celões, onde não há energia elétrica porque é programada para não ter equipamentos eletrônicos. O IAPEN está revendo essa situação com relação ao ventilador para os blocos 7 e 8 devido ao número de presos que já existem. Mas TV é regalia e não direito. É merecimento”, pontua, dizendo que a presidência do IAPEN que toma as decisões e não ele. Sobre a ventilação, espaço e tamanho das celas, a decisão é do Conselho Nacional de Justiça – CNJ.
Com relação à falta de trabalho para a remição de penas, Elves nega que os apenados faccionados sejam impedidos de diminuir os dias na prisão, mas diz que eles são complexos, por não terem autonomia, ficando totalmente à mercê das decisões do comando da organização criminosa.