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ENTRETENIMENTO

Leonardo Miggiorin: “Sempre quis expressar o meu afeto livremente”

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Leonardo Miggiorin é rosto conhecido do público desde seus 19 anos, quando se destacou como o jovem apaixonado por Anita, interpretada por uma também estreante Mel Lisboa na série “Presença de Anita”. Mas por quem o coração do ator bate só veio a público mesmo em junho de 2023, 22 anos depois da sua estreia na telinha.

“Venho pensando muito no que eu tenho para dizer [sobre ser gay], o que eu posso colaborar com o coletivo. Como consigo me enxergar e também enxergar o outro, como ir construindo mais empatia, perceber que existe uma luta coletiva e como é importante sair da bolha”, reflete em entrevista para o Terra NÓS.

“Também venho nesse movimento de me colocar de forma mais autêntica. Acho muito importante poder falar sobre ser gay nesse momento da minha carreira porque sempre quis expressar o meu afeto livremente e acho que todas as pessoas devem ter esse direito garantido. O afeto é a coisa mais importante da vida”, completa.

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Em meio a um fluxo frenético de pensamentos e frases proferidas com uma agilidade, por vezes, desconcertante, fica fácil entender como Leonardo dá conta de tantos projetos simultâneos.

Atualmente, ele realiza apresentações do espetáculo “O Ovo de Ouro”, produz a peça “O Que Faremos com Walter?”, gravou a segunda temporada da série musical “Vicky e a Musa” e se prepara para o lançamento do filme “Grande Sertões: Veredas”, criado a partir da peça dirigida por Bia Lessa. Além disso tudo, também está em curso o lançamento do curso online “Comunica 360”, de sua autoria.

Referências

Dois desses trabalhos acontecem em uma parceria com atores que são referências para arte brasileira e para comunidade LGBTQIA+ . O primeiro, Sérgio Mamberti, que faleceu em 2021, com o espetáculo “O Ovo de Ouro”, que estreara em 2020, mas estava em pausa por conta da pandemia de covid-19.

Com a partida de Sérgio, seu filho Dudu Mamberti assumiu o papel em uma tocante homenagem e a peça segue em cartaz até hoje, mas a curta temporada adicionada ao tempo de ensaio faz com que Leonardo tenha muito a dizer sobre o amigo.

“O Serginho falava sobre a revolução do afeto, sobre esse afeto ser respeito, reciprocidade, empatia, independente do seu gosto, da sua crença. O afeto é sobre direitos e é importante, sim, fazer parte, engrossar esse coro que luta pela manutenção dos direitos já conquistados”, explica.

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Ainda sobre o companheiro de cena, o ator relembra: “Ele sempre me tocou muito porque contava histórias, era muito generoso. Montamos ‘O Ovo de Ouro’ em 2019 com debates políticos inflamados e era um espetáculo sobre um dos momentos mais aterrorizantes da história, o nazismo. Falamos sobre a mentalidade daquela época e o combate ao terror por meio da arte”.

Sua outra grande referência é o ator e diretor Elias Andreato, presente na vida do ator em praticamente toda sua carreira. Antes mesmo de “Presença de Anita”, Elias foi pai de Leonardo no curta “Em Nome do Pai”, quando o jovem tinha apenas 18 anos. A parceria em cena foi repetida muitas outras vezes ao longo dos anos.

“Elias é meu ídolo, já foi meu pai, meu diretor, ator que produzi, e aprendo com ele todos os dias, com a sua coragem, autenticidade, de como construir uma carreira artística sem abrir mão das suas escolhas apesar do mercado. Tanto Serginho quanto Elias trabalharam contra a censura, contra o conservadorismo e isso é importante de ser reconhecido”, reforça.

Sérgio e Elias, inclusive, compartilham o mesmo biógrafo, o jornalista Dirceu Alves Jr., e foram responsáveis por apresentar ao público a delicada peça “Visitando Senhor Green” que aborda conflito de gerações e homossexualidade. Elias dirigiu o espetáculo em 2000 e Sérgio protagonizou a peça em 2015.

Afeto

Nos aprendizados desses dois grandes ícones, Leonardo usa a chave da tecnologia do afeto para viver sua vida plenamente.

“Elias e Serginho são pessoas que sempre tiveram no seu trato uma forma de respeito pela pessoa em si e são pessoas íntegras e autênticas. Se eu puder trilhar esse caminho na arte, de usar a arte como uma coisa política para levar direitos para as pessoas, tudo se encaixa”.

E finaliza: “A gente fala de luta e é contraditório porque é uma luta para ter afeto mas, no fim, é com afeto que a gente pode transformar”, completa.

 

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