POLÍCIA
Mãe de menina morta em ação da PRF desabafa: ‘Minha filha sentiu tanta dor’
A mãe da menina Heloísa Silva, de 3 anos, morta em uma ação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no Rio de Janeiro, fez um desabafo nas redes sociais no dia seguinte ao do sepultamento da criança.
Em uma das postagens, Alana Santos escreveu: “Filha, essa semana que ficamos juntinhas, foi uma despedida tão dolorosa, ver você naquele sofrimento, lutando tanto sendo tão forte, me encheu de esperança a todo momento. Fico lembrando de tudo, até quando vamos viver assim, pessoas que eram para nós proteger, sendo tão despreparados. Minha filha sofreu tanto, sentiu tanta dor, lembro dos gritos de desespero da minha família e dela em especial. Me pergunto, por quê? Por que ela? Hoje sei que Deus tem o melhor para nós, um dia entenderei”.
Baleada na cabeça e na coluna cervical, a menina morreu após uma parada cardíaca irreversível, no sábado (16). Ela ficou nove dias internada no Hospital Adão Pereira Nunes, na Baixada Fluminense, em estado grave.
Na sequência de publicações, a mãe de Heloísa ainda falou sobre a dor de voltar para casa sem a filha: “Chegar em casa e ver suas coisinhas, me destrói. Procurar uma roupa sua que ainda não foi lavada para sentir seu cheiro é o que me acalma agora. Sua irmã sente tanto a sua falta, que ela grita pelo seu nome”.
Alana finalizou com uma declaração a Heloísa: “Filha, desculpe por não proteger você, mas hoje entendi que você é uma escolhida por Deus e muito antes de eu te amar ele te amou. Sua família te ama tanto, que aqui não serei capaz de dizer. Mãe te ama até o céu. Seu cheirinho, seu bafinho de todas as manhãs… Você é luz! Obrigada por esse momento em que vivemos juntas, quanta coisa aprendi. Você é o amor da minha vida Heloísa. Cuida de nós”.
Investigações
A Justiça Federal do Rio negou, nesta segunda-feira (18), a prisão dos três agentes envolvidos na ação que terminou com Heloísa baleada, mas determinou que eles usem tornozeleira eletrônica. A decisão ainda inclui outras medidas cautelares.
A criança foi ferida quando passava de carro com a família no Arco Metropolitano, no feriado do dia 7 de setembro.
Segundo o pai da menina, não houve abordagem. Ele percebeu que estava sendo seguido pela viatura da corporação e parou o veículo. Antes de ele descer, os tiros foram disparados.
De acordo com as investigações, o carro em que a família estava era roubado. Ainda segundo o pai, ele comprou o veículo de uma pessoa próxima e não tinha conhecimento da situação do automóvel.
No momento em que a menina passava por procedimentos no hospital, 28 policiais estiveram na unidade de saúde e vasculharam o carro da família, segundo uma testemunha, que teria sido intimidada por um deles.
A PRF e o MPF (Ministério Público Federal) apuram o caso.
Agente é investigado por entrar no hospital
Outro agente da PRF está sendo investigado por ter entrado no hospital onde Heloísa estava internada. O policial à paisana foi flagrado em imagens do circuito interno da unidade, no corredor da emergência pediátrica, no último sábado (9).
Ele não conseguiu ter acesso à UTI, onde estava a criança. Ainda não se sabe o motivo da ida dele à unidade de saúde.
De acordo com informações obtidas pela Record TV, o agente chegou a ser afastado da instituição por problemas disciplinares, em 2009. Ele foi reintegrado 11 anos depois, numa decisão do então ministro da Justiça Sergio Moro.