POLÍCIA
‘Chegaram e atiraram, foi muito rápido’, diz testemunha de assassinato de médicos no RJ
Testemunhas que viram o momento em que três médicos foram mortos em um quiosque da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira, afirmaram que a ação dos criminosos foi muito rápida e que não se tratou de assalto. O ministro da Justiça, Flávio Dino, e o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, falam em “execução”.
“Não teve conversa, não teve voz de assalto, nem nada, simplesmente chegaram e atiraram. E foi muito, muito rápido. Em questão de 30 segundos já tinha acontecido tudo. Foi simplesmente uma execução. Então, a gente percebeu que não foi um assalto exatamente”, disse uma testemunha ao telejornal Bom Dia Rio, da Globo.
A testemunha ainda afirmou que todos ficaram muito assustados quando ocorreram os disparos. “Acho que eram dois ou três elementos ali e, enfim, foi tudo muito rápido e muito assustador. Uma primeira experiência no Rio de Janeiro que foi horrível”, acrescentou.
Os médicos vítimas dos disparos tiraram foto momentos antes do crime. Na imagem, eles aparecem sentados à mesa do estabelecimento. Momentos depois, um grupo desceu de um carro e atirou. Três morreram, incluindo Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) e cunhado do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), e um ficou ferido e está hospitalizado.
Além de Diego, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida também morreram. Eles chegaram a receber atendimento médico dos bombeiros, mas não resistiram.
A quarta vítima, identificada como Daniel Sonnewend Proença, está hospitalizada no Hospital Municipal Lourenço Jorge, no Rio. Ele foi levado para a unidade com três tiros pelo corpo, e, segundo a Secretaria de Saúde do Rio, o quadro dele é estável.
Ministro e governador falam em execução
O ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino, afirmou que o caso dos três médicos mortos foi uma execução. Ele ainda determinou que a Polícia Federal acompanhe as investigações, pois há a hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais.
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, também afirmou que está convencido de que a morte de Diego Ralf Bomfim foi uma execução, mas que neste momento é prematuro considerá-lo um crime político. As declarações foram dadas na manhã desta quinta ao blog da jornalista Andréia Sadi, da GloboNews.
Entenda o crime contra médicos no RJ
Três médicos foram mortos a tiros na madrugada desta quinta-feira, 5, em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Entre eles, está o irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Diego Ralf Bomfim.
O caso ocorreu por volta de 1h. Imagens de câmeras de monitoramento do local mostram um carro branco parado na avenida da praia. Neste momento, os ocupantes do veículo, todos vestindo roupa preta, desembarcam e vão em direção às vítimas, que estão sentadas no local.
A movimentação é toda registrada pelas imagens. Os criminosos passaram a atirar contra as vítimas, e dá início a correria de pessoas que estão no quiosque. Após os disparos, o bando volta correndo para o carro, que segue para rumo desconhecido.
De acordo com o jornal O Globo, Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida e Diego Ralf são atingidos. Eles chegaram a receber atendimento médico dos bombeiros, mas não resistiram. Um quarto homem, identificado como Daniel Sonnewend Proença, também foi atingido pelos disparos, e levado para o Hospital Lourenço Jorge, também na Barra.
Os suspeitos ainda não foram presos. A perícia da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) realizou uma perícia no local, e investiga as mortes.
Ainda segundo a reportagem, os três profissionais são de São Paulo e estavam no Rio para um congresso Minimally Invasive Foot Ankle Society (Mifas), que ocorrerá nesta quinta.
Polícia Federal atuará no caso
À coluna de Guilherme Mazieiro, do Terra, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse que solicitou à Superintendência da PF no Rio contato com a unidade de homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro para buscar informações sobre a execução dos três médicos.
“Conversei com o Ministro [da Justiça, Flávio Dino] agora, e solicitei que o Superintendente do RJ entre em contato com a unidade de homicídios da PC/RJ, para buscar mais informações”, disse o diretor à coluna.
Nas redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que a Polícia Federal vai acompanhar as investigações “em face da hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais” e prestou solidariedade aos deputados e familiares das vítimas.
Repercussão
O Psol, partido de Sâmia e Glauber, divulgou nota de pesar pelo assassinato do irmão da parlamentar e demais vítimas do ataque, e também pediu investigação “rigorosa e eficiente” das autoridades:
“O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) manifesta seu profundo pesar e indignação diante do assassinato do médico Diego Ralf Bonfim, irmão da deputada Samia Bomfim, e de seus colegas Marcos Andrade Corsato e Perseu Ribeiro de Almeida. Expressamos toda nossa solidariedade e apoio à deputada e à sua família, assim como aos familiares dos colegas de Diego.
Exigimos às autoridades competentes que investiguem este crime de forma rigorosa e eficiente, para que os responsáveis sejam identificados e punidos de acordo com a lei.
O PSOL também reforça seu compromisso com a luta por um Brasil mais seguro, justo e igualitário, onde vidas não sejam perdidas para a violência desenfreada.”
O deputado federal Orlando Silva também se manifestou e afirmou estar “perplexo” com o caso e se solidarizou com a dor de Sâmia. “Os criminosos nada levaram, apenas renderam e atiraram, o que leva a polícia a investigar a hipótese de execução. Frieza e violência abomináveis. Meus sentimentos aos familiares e amigos, especialmente à deputada @samiabomfim , irmã de uma das vítimas”, escreveu no Twitter.