MUNDO
Com a iminência da incursão de Israel, brasileiros vivem drama para sair de Gaza
Enquanto o conflito entre Israel e Hamas se agrava, com a iminência da entrada de exércitos israelenses por terra em Gaza, brasileiros que estão no lado palestino vivem um drama: a dificuldade para sair da zona de conflito e serem resgatados pelo Brasil. O único ponto de saída para os brasileiros que estão na Faixa de Gaza fica na travessia de Rafah, ao sul, na fronteira com o Egito, de onde devem embarcar na aeronave brasileira. Acontece que a fronteira está fechada.
Atualmente, há 22 brasileiros que manifestaram desejo de sair do local, divididos em dois grupos: famílias que aguardam definição sobre as condições de saída do local em casa ou abrigos, em Khan Younis, no sul de Gaza, e um grupo de dez brasileiros que estão em uma escola católica, ao Norte de Gaza. A situação deste grupo é uma das mais complicadas, eles estão justamente na área ameaçada de incursão por terra por parte de Israel.
Nesta sexta-feira (13), o Exército israelense ordenou a retirada, em 24 horas, de todos os civis da Cidade de Gaza para o sul, em uma medida de segurança. São mais de um milhão de pessoas no norte de Gaza – entre elas, o grupo de brasileiros abrigados na escola católica, de onde devem sair na manhã deste sábado (14) rumo a Khan Younis, quando o prazo dado por Israel já terá expirado.
Durante uma transmissão ao vivo da GloboNews, na manhã desta sexta, Shahed Al Banna, de 18 anos, uma das brasileiras abrigadas na escola, disse que todos lá receberam a orientação para sair do local, pois não era mais seguro. “Todos os brasileiros aqui estão desesperados, não sabemos para onde ir. Temos que ir para o Sul, mas não sabemos quem vai nos receber”, disse, visivelmente desesperada com a situação.
Na visão do porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, a remoção dos mais de um milhão de civis em um tempo tão curto é impossível. “A ONU considera impossível que este movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras”, disse.
Insegurança
Mesmo que consigam sair da escola e se protejam em Khan Younis para aguardar a saída de Gaza, os brasileiros podem se deparar com uma nova insegurança: a região de Rafah, ao sul de Gaza e único local possível para sair da região rumo ao Egito, também tem sido alvo de bombardeios, segundo o diplomata Paulino Franco de Carvalho Neto, embaixador do Brasil no Egito
“São circunstâncias excepcionalmente complexas, para não dizer, dramáticas”, reconheceu durante entrevista à TV Brasil. De acordo com embaixador, o posto de controle do lado palestino foi bombardeado três vezes essa semana. “Não há como passar, por enquanto”, admitiu.
Nessa quinta-feira (12), o presidente Luís Inácio Lula da Silva ligou para o presidente de Israel pedindo um corredor humanitário na região de Rafah. “Não é possível que os inocentes sejam vítimas da insanidade daqueles que querem a guerra. Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança. E que o Brasil está à disposição para tentar encontrar um caminho para a paz”, escreveu na rede social X (ex-Twitter).
Em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira (13), o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse que a situação dos brasileiros em Gaza é prioridade. “Estamos trabalhando também, há dias, com as autoridades egípcias, para que autorizem a passagem na fronteira de grupo de brasileiros que vivem em Gaza e que estão à espera de serem repatriados. Esperamos poder encaminhar essa repatriação o mais rápido possível e salvar a vida desses brasileiros de Gaza, a exemplo do que estamos fazendo com os que se encontram em Israel”, disse
Avião presidencial para resgate
Caso consigam fazer a travessia, o grupo de brasileiros terá à disposição a aeronave VC-2 (Embraer 190) da Presidência da República, enviada especialmente para fazer a operação de resgate. O avião foi enviado à Roma, na Itália, de onde aguarda autorização para ir ao Egito. Com capacidade para 40 passageiros, essa é a sexta aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) enviada para atuar na Operação Voltando em Paz, que repatria brasileiros em Israel.