BGS 2023: Pro player campeão de jogos de luta se tornou executivo da SNK

Mesmo ausente no showfloor da Brasil Game Show, a SNK marcou presença no Intel Gaming Garage, evento paralelo que trouxe novidades de PC gaming e também grandes jogos para os convidados experimentarem na feira. Entre eles, estações de Samurai Shodown e The King of Fighters XV.

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Quem veio ao Brasil para acompanhar o evento e conferir de perto a Brasil Game Show, foi o executivo Nocolas Gonzales, responsável por Negócios Ocidentais da SNK – e ele mesmo, um jogador profissional de games de luta! Em entrevista ao Terra Game On, Nicolas falou sobre a trajetória e legado da SNK, lendária produtora japonesa que tem lugar especial no coração de muitos jogadores brasileiros.

A própria trajetória pessoal de Nicolas é um exemplo da popularidade da SNK. “Eu tenho jogado games de luta por uns 20 anos, então sendo da América do Sul, claro que os jogos da SNK tiveram grande influência, e alguns dos jogos são bastante significativos pra mim, meu personagem preferido de todos os jogos de luta é da SNK, é o Geese Howard”, contou o executivo. “Os jogos me influenciaram tanto, e é uma benção para mim poder voltar a eles e poder ter contato com a comunidade”.

“As pessoas me conhecem mais pelas minhas conquistas, sobretudo em Ultimate Marvel vs Capcom 3 e um pouco em KOF 14, esses foram os games em que fui mais bem sucedido em termos de competição. Hoje meu papel é mais de um mentor, em ajudar as pessoas a entrar no mundo dos games de luta e levar suas habilidades a um nível maior”, explicou Nicolas. “Os games recentes mudaram bastante, tivemos a pandemia e vários jogos focaram mais em competições online (que eu não curto muito), mas eu ainda gosto muito da cultura dos jogos de luta e eu tento compartilhar isso com as pessoas de todas as formas”.

Febre nos anos 1990, os jogos de luta ficaram famosos não só pela competição intensa entre os jogadores, mas também por seus personagens marcantes, conhecidos por gerações de gamers. E nesse quesito, a SNK tem um exército de astros e estrelas que explora não só em The King of Fighters, mas em outras franquias de pancadaria.

“A SNK tem um estilo muito característico, especialmente nos desenhos de fases e personagens, o visual deles é charmoso e carismático, a forma como eles trabalham os estágios. Em Fatal Fury, por exemplo, a forma como o tempo passa entre os rounds, esse tipo de detalhe sempre foi incrível pra mim”, comentou Nicolas.

“Os personagens têm tanta personalidade, a maioria dos personagens que gosto mais são da SNK,  como o Gesse que é meu favorito, gosto bastante do Takuma Sakazaki, da Shermie, da Vice, tem vários personagens que curto e que gosto de jogar. Tem tantas opções a escolher em nossos games! Em Samurai Shodown eu amo a Charlotte e o Genjuro, amo como o gameplay é metódico por se tratar de luta de espadas, adoro essa constante tensão em você não quer dar o primeiro golpe ao mesmo tempo que não quer dar a iniciativa ao oponente”.

Nicolas também lembrou que a SNK tem em seu catálogo bem mais do que jogos de luta, mesmo eles send omais conhecidos, e a empresa não pretende viver apenas das glórias do passado. “A SNK planeja se tornar uma das 10 maiores desenvolvedoras do Japão nos próximos 10 anos, um plano ambicioso. Isso significa uma abordagem em vários fronts, inclusive em projetos multimídia”, apontou Nicolas.

Para isso, a companhia nipônica aposta em artistas de peso e desenvolvimento de jogos de alta qualidade técnica. “Por exemplo, em KOF 15, tivemos o lendário desenhista e diretor Masami Obari para fazer a introdução. Voltando no tempo, tivemos filmes e OVAs para Fatal Fury, há vários projetos multimídia, ontem tivemos o anúncio da parceria da SNK com a Shueisha, uma das maiores editoras de mangá do Japão”. Há também um esforço em trazer novidades a games antigos, por exemplo, implementamos código rollback em KOF 98 e 2002 Unlimited Match, e em breve em KOF 13, que são jogos importantes da série.

De volta para o futuro

Parte desse esforço se vê no marketing da SNK, que resgatou o emblema “O Futuro É Agora”, usado pela companhia nos anos 1990. “Nós queríamos trazer de volta o espírito de descobrir novas experiências com nosso toque pessoal, sem esquecer de onde viemos”.

Nicolas exemplifica isso com a abordagem da companhia para seus principais jogos de luta, em comparação com os rivais diretos. “Quando você joga Street Fighter ou Tekken, você tem uma expectativa de como eles funcionam, e nas últimas edições deles, decidiram mudar muitas coisas que os jogadores estavam acostumados, e muitos se sentiram alienados por isso. Se você joga KOF 15, você sabe que continua KOF. O jogo pode ter novas mecânicas, a SNK sempre experimentou, mesmo em títulos mais antigos, mas continuou sendo KOF”.

O slogan também significa que a SNK tem que se adaptar a um novo mundo, sobretudo pós-pandemia, quando muitas pessoas começaram a jogar jogos de luta e elas nunca estiveram em um arcade. “Você não pode usar a nostalgia para atraí-las, então você tem que modernizar os games, e isso significa adaptar títulos antigos para o padrão atual. Um exemplo é Samurai Shodown de 2019, cuja pandemia esfriou o sucesso dele. Agora implementamos o rollback nele, pois esse game merece, isso é o que também significa ‘The Future is Now'”.

Nicolas também citou outras formas de adaptar franquias clássicas da SNK, inclusive através de outras produtoras. “Foi o caso do Metal Slug Tactics, as pessoas não esperavam um game como esse mas acharam uma ideia incrível, e esse não é um projeto feito diretamente pela gente. Esse é um exemplo de como um game antigo poderia ser trazido de volta”.

Para o executivo e jogador profissional, não é tão difícil para a SNK ser moderna e clássica ao mesmo tempo. “É mais sobre entender que o game não seja tão simplificado, tem mais a ver em fazer um game que faça mesmo o jogador iniciante dizer: ‘quer saber, esse game é interessante o suficiente para investir meu tempo para me aprofundar nele'”.

SNK e o Brasil

Circulando pela Brasil Game Show, Nicolas disse que a acolhida da comunidade brasileira é sempre muito boa. “Minha vinda aqui à BGS foi demais! Eu já vim aqui como competidor várias vezes, eu sempre passei ótimas experiências no Brasil, sempre fui bem recebido pela comunidade de jogos de luta, sou grato a isso”, contou.

“É sempre ótimo ver a paixão que as pessoas têm pela SNK em geral, eu vim do Chile e vi a paixão que a comunidade de lá tem pelas coisas da SNK e o Brasil é um dos lugares onde isso é mais evidente, essa paixão vai além jogos, já virou parte da cultura geral”, explicou o executivo, lembrando que o torneio qualificatório para o Mundial de The King of Fighters XV está chegando. “Por favor, fiquem ligados, teremos o qualificatório para o torneio de KOF XV em novembro, então o pessoal que compete em esports pode conferir, será demais!”

Para Nicolas, os torneios de jogos de luta são como reuniões entre amigos, e o torneio no Brasil em novembro será um ticket para poder competir em um evento global. “Eu farei o que puder para ajudar todos que estiverem no torneio a chegar à final”, garantiu.

Lançamento mais recente da SNK, The King of Fighters XV está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.