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MUNDO

Após adiamento por falta de segurança, brasileiros chegam a Khan Younes, ao sul de Gaza

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O grupo de brasileiros alojado em uma escola católica na Faixa de Gaza chegou ao sul da região em ônibus enviados pelo governo brasileiro. O deslocamento dos cidadãos começou a ser preparado na madrugada deste sábado e chegou a ser suspenso após o recebimento de “informações preocupantes”.

De acordo com o embaixador Alessandro Candeas, chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, os brasileiros estão em Khan Younes, onde ficarão abrigados até o aval para que cruzem a fronteira do Egito, pela passagem de Rafah.

Candeas conta que as autoridades brasileiras comunicaram as forças de defesa de Israel sobre o ônibus, o trajeto, placa, lista de passageiros, para evitar que o coletivo fosse bombardeado e pudesse cruzar Gaza em segurança.

— O plano hoje de manhã era ir para Rafa, para a fronteira. Enfim, ir de lá, cruzar a fronteira, ir para o Egito, etc. Estava tudo pronto para isso, mas meia hora antes do deslocamento, que deveria se iniciar às 12h, às 11h30, nós recebemos a informação de que tudo isso havia sido cancelado, ou seja, a fronteira foi cancelada. Havia a ideia de um comboio internacional, além do nosso ônibus, outros ônibus iriam também juntos com outros funcionários internacionais. Tudo isso foi cancelado por Israel e a fronteira foi novamente fechada — afirmou o embaixador.

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O diplomata ressalta que a mudança deixou os brasileiros “aflitos” dentro da escola católica em que estavam abrigados. Além disso, chegaram informações de que um prédio vizinho seria bombardeado, o que alavancou a tensão.

— A decisão foi retirar o nosso pessoal da escola e, como havíamos pensado ontem, colocá-los nessa cidade chamada Khan Younes, que fica a pouco mais de 10 km da fronteira, onde eles aguardarão que a fronteira seja reaberta. É muito mais seguro esperar em Khan Younes do que em Gaza. Eles vão ficar com uma família brasileira que tem um prédio, que vai colocar à disposição desses brasileiros que estão chegando da cidade de Gaza. Alguma acomodação de forma ainda muito precária, muito simples, mas nas circunstâncias da guerra é a melhor opção — ressaltou Candeas.

O embaixador aponta que os brasileiros vão aguardar na cidade a abertura da fronteira, o que pode ocorrer neste domingo ou na segunda-feira. Segundo Candeas, a ideia é que o grupo, ao menos, fique longe das hostilidades ao norte de Gaza, que devem se intensificar nas próximas horas após o ultimato de Israel para esvaziamento da região.

Passagem de Rafah, na fronteira entre Gaza e o Egito — Foto: AFP
Passagem de Rafah, na fronteira entre Gaza e o Egito — Foto: AFP

Fotos divulgadas pelo Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia, mostraram adultos e crianças colocando os pertences no coletivo enquanto aguardavam o sinal verde para seguir viagem até o sul da região, após a ordem de evacuação do norte estabelecida pelas forças israelenses. Elas precisaram deixar o ônibus e retornar à escola antes de as autoridades analisarem as informações e darem aval para uma segunda tentativa.

Os ônibus chegaram à escola ainda na noite desta sexta, no horário local. No entanto, os brasileiros adiaram a saída da escola para garantir que o trajeto seria feito em segurança, sem bombardeios pelo caminho. A embaixada aguarda, na manhã deste sábado, um sinal verde das autoridades para deslocar o grupo.

“28 pessoas, das quais 22 brasileiros, 3 imigrantes palestinos e 3 familiares palestinos. Do total de 22 pessoas que desejam evacuação, 14 são crianças, 8 são mulheres e 6 são homens adultos. Do total de 22 pessoas que desejam evacuação, 16 se encontram na escola e 12 fora da escola. Os 12 que se encontram fora da escola estão na cidade de Khan Younes, sul da Faixa. Na escola na cidade de Gaza estão 19 brasileiros, sendo 11 crianças, 5 mulheres e 3 homens adultos”, afirma a embaixada.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse na sexta-feira que o governo do Egito aceitou receber os brasileiros que estão na Faixa de Gaza em saída pela fronteira, ao sul do enclave. Segundo ele, a expectativa é que os brasileiros possam cruzar o local neste sábado.

— (Os brasileiros) sairiam neste ônibus, que os transportará amanhã [sábado]. E, o que nós propusemos, é que saíssem e fossem levados para um aeroporto, uma localidade muito próxima da fronteira, onde um avião da Força Aérea Brasileira estará esperando.

O chanceler brasileiro falou sobre o assunto após reunião do Conselho de Segurança da ONU, que terminou sem acordo para aprovação de resolução ou comunicado.

— A ideia do governo é de retirá-los o mais rápido possível (de Gaza) e embarcá-los o mais rápido possível (em avião da Força Aérea Brasileira) — acrescentou Mauro Vieira.

Desde quinta-feira, o governo brasileiro intensificou o esforço diplomático para tentar repatriar os brasileiros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como Mauro Vieira e o Assessor Especial da Presidência, Celso Amorim, buscaram interlocução junto a egípcios e israelenses para que os brasileiros saiam em segurança de Gaza.

— Na reunião [do conselho] foi feito um chamamento de todos os países para que [o ultimato de Israel aos habitantes de Gaza] não seja implementado dessa forma, sobretudo com um espaço tão curto de tempo para que 1 milhão de pessoas saiam. Seria uma corrida para a morte. Todos os países fizeram um apelo para que houvesse um prazo maior — acrescentou o chanceler.

De acordo com o Itamaraty, o Escritório de Representação do Brasil em Ramala “identificou cerca de 20 brasileiros”, na sua maioria mulheres e crianças, interessados em sua retirada da Faixa de Gaza. Parte deles permanece reunida em escola local, aguardando evacuação para o sul. A Embaixada em Tel Aviv solicitou formalmente ao Governo de Israel que não bombardeie a escola.

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