No fim de outubro, contudo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “dificilmente” o governo federal cumprirá a meta de zerar o déficit fiscal em 2024. A declaração provocou reação imediata no mercado, com a elevação dos juros futuros, valorização do dólar e queda da Bolsa.
Sobre esse tema, Lira acrescentou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia lhe garantido que continuará perseguindo o déficit zero em 2024, apesar da manifestação do presidente da República. “Se não bater a meta, terão as consequências do arcabouço”, afirmou o presidente da Câmara. “Uma lei aprovada não será descumprida. O projeto do arcabouço é do governo federal.”
Reforma administrativa
No evento, Lira defendeu que a contenção de despesas deve ser prioritária. Para isso, ele considera crucial o encaminhamento da reforma administrativa ao Congresso. “Ela dá parâmetros para os gastos públicos”, disse. Para o deputado, a medida também complementa as reformas já aprovadas ou em análise, caso da trabalhista e da tributária.
Lira ainda considerou difícil a aprovação, por parte do governo, da Medida Provisória nº 1.185, a “MP das subvenções”, que altera regras de tributação de incentivos fiscais. O deputado, contudo, afirmou que a Câmara está aberta para discussões sobre o tema com o ministro Fernando Haddad. O governo vê na MP uma fonte de aumento de receita.
Meta e consequências
O governo federal se propôs a zerar o déficit fiscal em 2024. Pela regra, há margem de tolerância de 0,25 ponto percentual, para mais ou menos. Como cada ponto percentual equivale a cerca de R$ 100 bilhões, o rombo deve ficar em no máximo R$ 25 bilhões no ano que vem.
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O projeto original do marco fiscal já previa que, em caso de não cumprimento da meta fixada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, em vez de 70%, os gastos só poderiam crescer o equivalente a 50% da variação da arrecadação.
Há ainda a previsão de que outros “gatilhos” serão acionados caso o limite não seja cumprido. O governo não poderá, por exemplo, criar cargos que impliquem aumento de despesa, alterar estruturas de carreira, criar ou aumentar auxílios e novas despesas obrigatórias, reajustar despesas obrigatórias acima da inflação, ampliar subsídios e subvenções e conceder ou ampliar benefícios tributários.